A Bola - 20200811

(PepeLegal) #1

26 A BOLA


Terça-feira
11 de agosto de 2020

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MAIS DESPORTO


Entrevista de
JOSÉ CAETANO

FÓRMULA E


«O título mais


Aos 28 anos, o piloto
de Cascais venceu a
Época 6 da Fórmula E e o títu-
lo mais importante da carrei-
ra. Menos de 24 horas passa-
das sobre a emotiva e
memorável conquista no tra-
çado berlinense de Tempelhof,
em entrevista a A BOLA, Félix
analisou o passado, explicou o
presente e também perspeti-
vou o futuro

P

OUCO mais de 24 horas
depois de garantir o tí-
tulo na Fórmula E, já con-
segue explicar-nos a di-
mensão e a importância
do resultado? Qual é o próximo
objetivo?
— Sim... Vivi momentos de mui-
ta emoção e tensão! Considerando
o número de marcas, os nomes dos
pilotos e o nível de investimentos na
Fórmula E, o impacto e o prestígio
são enormes. Não é a Fórmula 1,
claro, mas a sensação é incrível, so-
bretudo depois dos muitos períodos
menos bons que vivi, também nes-
te campeonato. Por vezes, penso
que estive sempre no sítio errado à
hora errada. Este ano, não! Os as-
tros alinharam-se... No desporto
automóvel, o carro é tão importan-
te como o piloto. Adaptei-me rapi-
damente à equipa e ao monolugar
e os resultados apareceram. É o tí-
tulo mais importante da carreira.
Faltam duas corridas e pretendo
ganhá-las, também para terminar
a época com o recorde de pontos no
campeonato [NDR: em 2017-18,
Jean-Éric Vergne acabou a Época 4
com 198; António soma 156, quase o
dobro do segundo, precisamente o
francês companheiro do português na
DS Techeetah...]. Esta vitória é com-
parável apenas às duas que conse-
gui no Grande Prémio da Macau,
na Fórmula 3.

— Falou em momentos menos
bons. Quais foram?

— Colocando de lado a oportuni-
dade perdida na Fórmula 1, vivi dias
complicados no DTM (campeonato
alemão de turismos), com a BMW e,
em 2014 e 2015. Depois, passei por
categorias de segundo plano. O iní-
cio na Fórmula E também não foi
fácil, por integrar equipas sem argu-
mentos para lutarem por vitórias e
títulos. E custou-me trocar a BMW
pela DS Techeetah. Estive vários anos
na marca e fiz muitas amizades...

— E quais foram as motivações
por detrás da mudança da BMW para
a DS Techeetah? Esta equipa integra
o consórcio industrial proprietário
da Peugeot, marca que prepara o re-
gresso ao Mundial de Resistência e às
24 Horas de Le Mans...

Para o português, os resultados alcançados com a DS Techeetah e o triunfo na Fórmula E, são

— O Grupo PSA encontra-se en-
tre os maiores fabricantes de auto-
móveis do Mundo e, sempre que
investiu na competição, ganhou!
Fê-lo no WRC, no Dakar, no WTCC.
O ano passado, a DS Techeetah, na
Fórmula E, venceu os títulos de
equipas e pilotos. A oportunidade
era irrecusável, transmitia-me con-
fiança e segurança. Cabia-me agra-
decer-lhe com resultados. Feliz-
mente, consegui-o!

— Le Mans... Este ano, na 88.ª
edição da corrida, em setembro,
participa com a JOTA na catego-
ria LM2? Quais são os objetivos? E
como está o namoro com a Peu-
geot, que competirá na categoria
mais importante do Mundial de
Resistência, campeonato que tem
a maratona francesa, precisamen-
te, como atrativo principal?
— O objetivo é ganhar a classe,
mas sabemos que não temos o car-
ro mais rápido. O United Autosports
do Filipe Albuquerque encontra-se
entre os favoritos e, se tiver de per-
der, que ganhe um amigo! No en-
tanto, numa corrida tão longa, se
não tivermos azares, tudo é possí-

(^) j
ANTÓNIO FÉLIX DA COSTA
A notícia de termos a F1
e o MotoGP no mesmo
ano, no Algarve,
é sensacional
Emergente...
ou não?
A Fórmula E não tem a
importância e o mediatismo da
Fórmula 1, mas é a categoria
emergente na competição
automóvel. Recentemente,
Bernie Ecclestone, ex-patrão da
disciplina maior do desporto
motorizado, em entrevista
publicada por AUTO FOCO, disse
que jamais permitiria o
crescimento de campeonato que
atrai cada vez mais fabricantes –
Audi, BMW, DS, Jaguar,
Mercedes, Nissan, Porsche, etc.!
Campeão
precoce
Anteontem, em circuito no
Aeroporto de Tempelhof, em
Berlim, na Alemanha, anfiteatro
selecionado para a conclusão da
Época 6, com seis corridas em
nove dias, António Félix da Costa
sagrou-se campeão. Conseguiu-
-o precocemente, dois ePrix
antes do final de temporada
interrompida a ronda cinco, a 29
de fevereiro, imediatamente
após a vitória do português em
Marraquexe, Marrocos, devido à
pandemia da pneumonia viral.
Fato e banco
de F1 nunca
estreados
Aos 28 anos, o piloto de Cascais
consegue o título mais
importante de carreira bem
recheada de sucessos, vide
vitórias nas edições de 2012 e
2016 do Grande Prémio de
Macau, na Fórmula 3. O primeiro
conseguiu-o como membro do
Red Bull Junior Team e quase
valeu entrada na Fórmula 1, pela
porta da Toro Rosso, escuderia
que integra o império austríaco
que ganhou os títulos de
construtores e pilotos entre
2010 e 2013, com Sebastian
Vettel. A oportunidade perdeu-
-se, após visita ao quartel-
-general da equipa, com banco e
fato prontos a estrear... A equipa,
no ano de estreia do Grande
Prémio da Rússia no
campeonato, optou pelo russo
Daniil Kvyat. «Foi o dia mais
triste da minha carreira.
Telefonaram-se e explicaram-
-me a decisão», recorda António
em entrevista A BOLA.
f
Com Tiago Monteiro numa box do DTM...
D. R.
... campeonato que disputou com a BMW
D. R.
Ao lado do austríaco Helmut Marko...
D. R.
... conselheiro da Red Bull, que quase o levou...
D. R.
... à F1. Em Portimão conduziu mesmo um...
D. R.
... e até trocou impressões com Vettel
D. R.

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