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remos a defesa deles em tudo o que
entendermos que é razoável, dan-
do-lhes as melhores condições de
trabalho possíveis. A própria
APAF sabe disso e a relação que te-
mos é de parceria.
+ Porque é que manteve a mes-
ma equipa do último mandato?
JFG – Nada me fez alterar a ideia
que tenho da equipa que escolhi há
quatro anos. Numa equipa que
tem sido leal e trabalhadora, não
faria qualquer sentido trocar
quem quer que fosse.
+ Com o adeus de Carlos Xistra e
Jorge Sousa fica com menos op-
ções para dirigir jogos grandes.
Vai ser um problema?
JFG –São dois valores importantes
que a arbitragem portuguesa per-
de, mas o que temos feito ao longo
destes quatro anos é preparar este
tipo de situações. Tenho confian-
ça no trabalho desenvolvido, sa-
bendo que para esse tipo de jogos
tenho seis árbitros que me dão to-
tais garantias. Desde 2014 que não
tínhamos uma presença tão forte a
nível internacional.
+Mas no último Mundial não ti-
vemos nenhum árbitro de cam-
po, apenas um VAR.
JFG – Na altura éramos pioneiros
no sistema de videoarbitragem e
não tínhamos árbitros no grupo de
Elite. Quem não está na Elite não
vai a Mundiais ou Europeus. Hoje
temos essa possibilidade, por força
da subida do Artur Soares Dias ao
grupo de Elite. Há todo um cami-
nho que tem de ser percorrido. *
çAcaba de ser eleito para novo
mandato. Quais são os planos
para os próximos quatro anos?
José Fontelas Gomes – Passam
muito por desenvolver a arbitra-
gem distrital, nas bases. Na última
época já incidimos muito na for-
mação, muito por causa da para-
gem motivada pela pandemia,
que nos permitiu fazer formação
aos árbitros dos campeonatos dis-
tritais. É muito importante, por-
que é aí que tudo nasce. Se a pre-
paração deles for melhor nas ba-
ses, se pudermos acrescentar algo
ao bom trabalho que as associa-
ções já fazem, mais bem prepara-
dos eles chegam aos nacionais.
- Esse é um trabalho mais invisí-
vel, mas a maior parte dos adep-
tos olham para as provas profis-
sionais. Há condições para me-
lhorar as arbitragens de que
adeptos e clubes se queixam?
JFG – As queixas vão existir en-
quanto houver futebol – é aqui,
em Espanha, Itália, por esse Mun-
do fora. O que sei é que tem havido
um reconhecimento da qualidade
dos árbitros portugueses em ter-
mos internacionais. Nada melhor
do que uma entidade indepen-
dente como a UEFA reconhecer a
qualidade dos árbitros portugue-
ses com as promoções que tem
feito ao longo dos últimos quatro
anos. Para nós, é a prova de que
estamos no bom caminho. - Os presidentes dos conselhos
de Disciplina e Justiça foram
mudados em nome das “boas
práticas”. Esse princípio não se
aplicou ao presidente do Conse-
lho de Arbitragem. Porque é que
continuou?
JFG – O trabalho de um CA não se
esgota ao fim de quatro anos. Para
criar um árbitro de topo com qua-
lidade, são precisos 8 a 10 anos. O
presidente da Federação enten-
deu dar continuidade ao trabalho
que estávamos a desenvolver para
nos dar o espaço que é necessário
para que se comece a ter os resul-
tados que todos queremos: me-
lhores árbitros e uma arbitragem
de melhor qualidade.
+ Sentiu que Jorge Sousa era
uma ameaça ao seu cargo? Soube
se havia da parte dele intenção de
se candidatar?
JFG – Não tive qualquer conheci-
mento disso, nem sequer foi tema
de conversa entre nós. Nunca
senti ameaça, até porque o Jorge
Sousa era árbitro. Tivemos 89 por
cento de votos a favor na nossa
reeleição, um valor que não me
surpreendeu. Independente-
mente das críticas, a análise que
foi feita pelos agentes do futebol ao
nosso trabalho foi positiva. As
pessoas não sabem mas na última
época fizemos um questionário
aos clubes, para que avaliassem o
trabalho que tínhamos feito, e o
balanço foi muito bom.
+ Foi um questionário feito a to-
dos os clubes da Liga NOS? E qual
foi a nota?
JFG – Sim, praticamente todos os
clubes responderam. Foi-lhes pe-
dida uma avaliação de vários itens
de gestão do CA, como criação de
nossos árbitros, projeto do VAR...
Tudo isso foi avaliado em
bom/muito bom. Numa escala de
1 a 5, foi 4,5.
+ Não sente o desgaste de qua-
tro anos exposto a críticas?
JFG – Sinto-me com mais força
ainda. Temos muito bem delinea-
do o que queremos para a arbitra-
gem portuguesa, estamos muito
focados no trabalho. As críticas
passam-me um bocadinho ao
lado, porque irão existir enquanto
houver futebol, aqui ou em qual-
quer lado.
+ Foi presidente da APAF e foi
muito crítico do seu antecessor,
Vítor Pereira. Tem tido vida mais
facilitada, não?
JFG – Não consigo fazer essa ava-
liação. Tudo o que temos feito é em
defesa dos árbitros. Eles sabem
que podem contar connosco, fa-
“O TRABALHO DE UM CA NÃO SE
ESGOTA AO FIM DE 4 ANOS. PARA
CRIAR UM ÁRBITRO DE TOPO SÃO
PRECISOS 8 A 10 ANOS”
“INDEPENDENTEMENTE DAS
CRÍTICAS, A ANÁLISE QUE FOI FEITA
PELOS AGENTES DO FUTEBOL AO
NOSSO TRABALHO FOI POSITIVA”
çHouve notícias sobre
investigação da PJ às classi-
ficações dos árbitros. O que
sabe sobre isso?
JFG – Nada, não fui ouvido.
+ Como pode haver uma
investigação às classifica-
ções dos árbitros e o presi-
dente do CA não ter sido ou-
vido?
JFG – Terá de perguntar a
quem fez essas notícias. Não
tenho qualquer conheci-
mento. Em tudo aquilo que
nos for pedida colaboração,
o CA está disponível. Nós
próprios temos tido a inicia-
tiva de denunciar e apresen-
tar queixas e ameaças e atos
de vandalismo contra os
nossos árbitros.
+ Houve uma altura em
que César Boaventura an-
dava a antecipar as nomea-
ções, numa altura em que
eram secretas. Descobriu
quem era a sua fonte?
JFG – Não vou comentar
isso. Nem consigo entender
como é que alguém se preo-
cupa com o nome do árbitro.
E nem todos os clubes
acham importante. *
“Disponível para
colaborar com PJ”
“CLUBES “CLUBES
AAVALIARAM VALIARAM
O NO NOSSO TRABALHO OSSO TRABALHO
COMCOMO ‘MUITO BOM’”O ‘MUITO BOM’”
ENTREVISTA JOSÉ FONTELAS GOMES