Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 41

no tratamento da vinha, na sua qualida-
de fitossanitária – aqui, sim, não se passa
nada e o viticultor está preocupado. Ou-
tra preocupação é a falta de mão de obra.
Numa vindima normal, são precisas 20
mil pessoas durante oito semanas. É mui-
to difícil encontrar esta quantidade.

E como fazem?
Fazem-se parcerias com empreiteiros que
contratam. Há que reconhecer que é um
trabalho duro, ainda mais no Douro. Lo-
gicamente, cada vez há menos gente que
o queira fazer.

Qual é a sua meta para a Sogevinus?
Já estamos no grupo de líderes. Agora,
gostaria de consolidar o turismo e au-
mentar a exportação, se possível, para o
dobro, nos próximos três, quatro anos.

Quando chegou à Sogevinus encontrou-
-a no fim de um processo de reestrutu-
ração. O seu antecessor tinha despedido
imensa gente...
Cheguei com tudo reestruturado. Gon-
zalo Pedrosa, o meu antecessor, fez uma
reestruturação em cinco anos, foi uma
época difícil. Agora estamos numa fase
de crescimento, de criar valor acrescen-
tado, de lançar novos produtos, edições
especiais, de desenvolver outras mar-
cas, fazer nova publicidade, criar uma
wineshop online, desenvolver o turismo.

Mas apanha com esta crise. Vai ficar
mais quanto tempo?
Esta crise vai tocar-nos a todos, há que
aguentar. Conseguimos não despedir
ninguém e os que estavam em layoff fo-
ram todos reincorporados. Se a situação
melhorar, esperamos contratar pessoal
temporário. Passamos por esta crise da
forma mais racional possível: “Não faze-
mos cortes, porque isto vai passar e va-
mos lá ver o futuro.”

Continua a sentir-se motivado?
Mais do que nunca. É verdade que sin-
to uma certa frustração quando, como
com um carro, penso em acelerar, chego
aos 200 km por hora e tenho de meter
travão. Estávamos a ter um desenvolvi-
mento fantástico, tudo crescia, tudo ia
bem. Em janeiro e fevereiro crescemos
15 por cento. E, de repente, o carro trava
a fundo. É uma grande frustração. Mas
também penso: se já o fizemos, podemos
voltar a fazê-lo.

Está pronto para ficar cá mais quantos
anos?
Não tenho pressa de ir a lado algum. Se
tenho um acionista comprometido e que
me apoia, que quer investir, que está ena-
morado pela região, pelos seus vinhos;
se em dois anos mostrámos um grande
dinamismo, então continuarei encantado
de cá estar. E

Já estamos


no grupo


de líderes.


Agora, gostaria


de consolidar


o turismo


e duplicar


a exportação”

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