Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1

Micro



  1. EXAME. SETEMBRO 2020


P


ode representar menos
de 1% das vendas globais
da multinacional, mas
há motivos para man-
ter o mercado português
a piscar no mapa-mundo da Danone: a
quota de mercado alcançada e a predis-
posição para experimentar novidades,
que alavanca uma diversidade de marcas
sem paralelo na estrutura mundial – 12,
no total. “Torna Portugal num laboratório:
somos o País onde se lançam mais ino-
vações. No ano passado, um quarto das
nossas vendas veio de novos produtos, o
que é um recorde mundial”, frisa Ludo-
vic Reysset. O executivo, que desde janei-
ro está à frente do negócio de iogurtes da
empresa francesa em Portugal, não teve
início fácil na tarefa. Depois de uma des-


cida na faturação em 2019 (as contas da
Danone Portugal S.A. mostram que as re-
ceitas vêm a cair desde 2017), a pandemia
travou ainda mais as vendas no primeiro
semestre deste ano. Com mais gente a fi-
car em casa e a fazer experiências alimen-
tares por conta própria, os iogurtes – que
por cá, ao contrário de outros países, são
consumidos como snacks – ficaram no
fundo das prateleiras, empurrados tam-
bém pela concorrência de produtos mais
baratos. Resultado: uma quebra na fatu-
ração, quando, ao nível mundial, esta área
de negócio da Danone até tinha crescido
3,1 por cento.
“Não foi fácil, mas temos a sorte de tra-
balhar na área alimentar e de depender
menos do out-of-home e do canal Hore-
ca [hotelaria, restauração e cafés]. O lado

positivo é que 98% das vendas acontecem
no retalho”, salienta Reysset, que está pela
terceira vez ao serviço da empresa em
Portugal. A mais recente tinha sido entre
2011 e 2014, também num contexto de cri-
se, mas muito diferente da atual, tanto nas
causas como nas consequências. “Esta é
mundial, a outra não. Além disso, esta é
sanitária e não apenas económica. Esta-
mos a iniciar o período de uma recessão
que vai ser terrível”, constata.
Embora garanta que, de junho para
cá, houve uma recuperação da quota de
mercado perdida (a fatia de 40%, que diz
ser o “patamar ideal”, continua a ser um
objetivo a alcançar este ano), o segundo
semestre não será fácil e a verdadeira re-
cuperação não deverá regressar ao consu-
mo antes de dois a três anos, estima o ges-

IOGURTES

Negócio


líquido em


mercado


fluido


Apesar do recuo das vendas no
ano passado e de a pandemia ter


também afetado negativamente
o negócio no primeiro semestre,


a Danone diz continuar focada em
investir nos iogurtes em Portugal,


onde um quarto das vendas
vem das inovações. Entretanto,


a empresa procura perceber como
será o consumidor nacional


no pós-Covid-19


Texto Paulo Zacarias Gomes

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