Claude Lévi-Strauss - As estruturas elementares do parentesco (1982, Editora Vozes) - libgen.lc

(Flamarion) #1

terminaria numa extremidade na pessoa de um gawel, isto é, de um in-
dividuo colocado na posição forte, e na outra extremidade na pessoa
de um waku, isto é, de um individuo que se acha na posição fraca. Esta
situação é corrigida pelo acréscimo de uma linhagem suplementar nas
duas extremidades do sistema. O kutara (filho da filha da irmã) está
para o waku (filho da irmã) assim como o waku está para o Ego, e,
simetricamente, o Ego não está, com relação a seu gawel (irmão da mãe),
em uma situação mais fraca que este com relação ao mari do Ego (ir·
mão da mãe da mãe!. Assim, pois, "por intermédio da relação mari·kutara
estabelece·se um vinculo entre gawel e waku, de tal maneira que se
institui uma sólida relação entre o mari da segunda geração ascenden·
te e a segunda linhagem colateral à direita do sujeito, e o kutara na
segunda geração descendente e a segunda linhagem colateral à sua
esquerda". Com efeito, o mari que desempenha com relação ao Ego o


Figura 29

papel de amigo fiel é o gawel do gawel do Ego: "a relação reciproca
mari·kutara estabelece um equilíbrio no interior da estrutura de paren·
tesco, compensando a desigualdade inerente à relação recíproca gawel·
waku"," Warner pretende explicar mediante um argumento do mesmo
tipo as duas linhagens seguintes, acrescentadas uma à direita da linha·
gem do mari, a outra à esquerda da linhagem do kutara: "momelker e
natchiwalker são importantes, porque o primeiro é a mãe da sogra do
sujeito, e o último porque é o irmão desta última. Dumungur, que é
o recíproco desses termos, conserva uma grande importância afetiva, por-

14_ W_ L_ Warner, op_ cit., p. 179.

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