Base s6 descreve uma aldeia, Nungsha, que compreende dez famílias
Khurung, seis Danla, cinco Shampar, quatro Chongdur e cinco Rezar
A fórmula estabelece-se da seguinte maneira: um homem Rezar casa-s~
com uma mulher Thanga ou Danla, um homem Thanga ou Danla casa-se
com uma mulher Shampar, um homem Shampar com uma mulher Chong_
dur, um homem Chongdur com uma mulher Kurung e um homem Khu-
rung com uma mulher Rezar. Thanga é idêntico a Danla, tendo-se por-
tanto um ciclo quinário perfeitamente puro (Figura 47). A f6rmula muito
alterada dada por Shakespear para os Chawte envolve evidentemente uma
realidade do mesmo tipo, a saber, Marem casa-se com Makhan, Makhan
casa-se com lrung, Kiang casa-se com Hakhan ou Marem, lrung casa-se
com Marem, Thao ou Kiang, Thao casa-se com Makhan,' ou seja, um
ciclo quaternário no qual se inscrevem dois ciclos temários.
Oanl •
...
lhanga
Reza. I" "'" SIlamp.'
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Ktturung Ctaongdur
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( " Shangpa
Chongdu. '\ )
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Chiru (segundo Shakespear) Chiru (segundo Bose)
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ou Marem PodIa ..
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Khulpu llang""
'~ffi- ~ /
Irung Figura^47 Thimasha
Chawte (segundo Shakespear) Tarau (segundo Shakespear)
Os Aimol-Kuki da fronteira birmana possuem metades que foram
outrora exogâmicas, e clãs que continuaram rigorosamente exogâmicos. As
,duas metades (e por conseguinte os clãs que as constituem) são sepa·
radas por consideráveis diferenças de situação social. A metade "superior"
a de metades exogâmicas, o que seria verdadeiro somente em termos de sistemas
australianos "clássicos". Mas, do começo ao fim deste livro, adoto uma definição
muito mais ampla da classe matrimonial, classe definida de maneira não equívoca,
e que implica, para os membros da classe, certas coações matrimoniais diferenciais
relativa~ente às que se impõem aos membros de outra classe. Em um sistema assimé-
trico com casamento matrilateral, por conseguinte, duas classes a e b são distintas,
urna vez que a classe que contém as primas matrilaterais (verdadeiras ou classifi-
catórias) dos homens da classe a é distinta da classe que contém as primas matri-
laterais (verdadeiras ou classificatórias) dos homens da classe b. Trata-se, claro está,
de um instrumento conceitual destinado a simplificar o estudo da realidade etnográfica,
a fim de extrair dela um modelo, e não neceSsariamente de uma parte objetiva
dessa realidade. Esta distinção corresponde, em parte, à de Needham ("A Structural
Analysis of Furum Society", American Anthropologist, voI. 60, n. 1, 1958) entre structural
group (:::: classe, em minha terminologia) e descent, group. O argumento de Needham,
segundo o qual hoje são as linhagens, e não os clãs, que representam os "structural
groups", vem em apoio de minha fórmula de 1949].
- Ten.-Cor. J. Shakespearear, op. cit., p. 154.
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