tem preemlnencia política e religiosa, sendo seus membros os unlcos
que podem celebrar as festas de tipo "potlatch", que permitem adquirir
prestígio. c, A filiação é patrilinear, e embora o casamento correto seja
com a filha do irmão da mãe, sendo o casamento com a filha da irmã
do pai rigorosamente proibido, a multiplicação dos termos de referência
para os graus em questão é um sinal da alteração consecutiva à endo-
gamia parcial de metade.
[Para a interpretação do sistema consulte-se Needham ("A Structu-
ral Analysis of Aimol Society", Bijdragen tot de Taal·, Land· en Volken-
kunde, vol. 116, afl. I, 1960), cuja análise é mais minuciosa que a por
mim esboçada na primeira edição deste livro. As críticas de Needham
responderei somente dizendo que, conforme ele mesmo confessa, não
consegue também dar uma interpretação coerente do sistema de pa-
rentesco Aimol. Deste ponto de vista, o método que eu tinha seguido,
consistindo em pôr em evidência as anomalis anotadas, e o método que
ele pratica, a saber, começar por se desvencilhar das anomalias para reter
somente os aspectos coerentes da terminologia, podem ser ambos rejei-
tados. Parece-me, hoje em dia, que estas análises só apresentam um in-
teresse reduzido, porque falta a indispensável documentação etnográfica.
O que se depreende da análise da nomenclatura do parentesco Aimol
reduz-se a algumas hipóteses muito gerais e provisórias: 1.0 certos termos
("aou", nai, tu) funcionam sobretudo como indicativos de níveis de ge-
ração. 2.° Certos termos são distintivos relativamente à fórmula assimé-
trica de casamento entre "clãs". 3.U Outros termos são distintivos rela-
tivamente à fórmula simétrica de troca entre metades. 4." Outros ainda
parecem referir-se à endogamia parcial de metades, assinalada por Bose.
5." Finalmente, um traço essencial do sistema, cuja importãncia Needham
subestima, aparece na terminologia diferencial para os mais velhos e os
mais moços, na geração dos pais e na do Ego. Se esta distinção. corres·
ponde, segundo a hipótese que muitas vezes fiz, a uma fórmula de casa·
mento alternativo (de fato, mesmo quandO não necessariamente de dí-
reito), teríamos o meio de interpretar integralmente o modelo de uma
sociedade com duas metades exogãmicas, cada qual constituída de vários
clãs ou linhagens, ligadas por uma fórmula de casamento assimétrica,
mas de tipos diferentes conforme as linhagens sejam classificadas em
"mais velhas" ou "mais moças". No caso dos Aimol, entretanto, inter-
pretações desse gênero seriam frágeis em virtude da insuficiência dos
documentos].
Uma tradição relata que os Tarau de Manipur são originários da
Birmânia. Dividem-se em quatro linhagens unidas por uma relação sim·
pIes de troça generalizada, a saber, um Pachana casa-se com uma Tlangsha,
um Tlangsha casa-se com uma Thimasha, um Thimasha casa-se com uma
Khulpu, um Khulpu casa-se com uma Pachana." É lamentável que se
conheça mal o sistema matrimonial de um grupo chamado "novos Kuki",
os Thado. Algumas indicações sugerem que o casamento dos primos é
proibido. No entanto, percebe-se uma assimetria estrutural, que deve ne-
cessariamente corresponder a um sistema de troca generalizada, em forma
- J. K. Base, Social Organization Df the Almol Kukis, Journal 01 the Department
01 Letters, University of Calcutta, vol. 25, 1934, p. 1-9. - Shakespear, op. cit., p. 173-174.
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