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No final do meu mandato como deputado federal eu havia decidido que não
disputaria a eleição de 2018. Foram oito anos divididos entre Brasília e
Campo Grande. Saía do Mato Grosso do Sul na terça de manhã, passava três
dias em Brasília e voltava para casa na quinta-feira à noite. Sem contar com
as viagens para o interior, frequentes na agenda de um deputado.
Quando fui eleito, meus filhos tinham doze (Paulo), quinze (Pedro) e
dezessete anos (Marina). A Marina tinha acabado de passar na faculdade de
direito, no Rio de Janeiro. Minha esposa, Terezinha, ficava em Campo
Grande. Ela é médica e trabalhava num hospital especializado no tratamento
de hanseníase, o São Julião. Trabalhou por trinta anos como diretora clínica,
e na parte da tarde ficava no ambulatório de clínica médica especializado no
tratamento de diabéticos. Terezinha nunca atendeu no setor privado ou por
planos de saúde. Ela é cem por cento SUS.
Quando decidi não me candidatar novamente a deputado federal, eu e ela
nos sentamos e conversamos sobre o momento da nossa família. A Marina
estava no Rio, havia se casado com o Maurício e teve o Gabriel, nosso neto.
O Paulo, meu filho mais novo, morava em São Paulo e cursava o último ano
de direito na USP. Ele ainda não sabe se vai fazer uma pós-graduação, se vai
trabalhar em São Paulo ou no Rio. Para atuar na área de que gosta, que é
direito autoral, não adianta ficar em Campo Grande. E o Pedro, meu filho do