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A partir da segunda semana de abril de 2020, os outros ministros passaram a
frequentar mais o Ministério da Saúde. Acho que, na concepção deles, havia
uma inércia na pasta, uma demora para resolver a pandemia que estava
dificultando a reabertura econômica (e, portanto, a minha própria situação),
então se colocaram à disposição para ajudar — como se eu nunca tivesse
aberto as portas para quem quisesse contribuir. Um deles foi o Tarcísio de
Freitas, do Ministério da Infraestrutura. Combinei que ele organizasse a área
de logística, pois era preciso manter um fluxo de abastecimento constante
para levar materiais aos estados — um trabalho meticuloso, que envolvia
várias etapas, da compra até o transporte ao destino final.
Parece simples, mas não é. Naquele momento havia um volume mínimo de
voos pelas capitais do Brasil. O meu estado, o Mato Grosso do Sul, havia
ficado vários dias contando apenas com transporte terrestre. Nenhuma
companhia aérea estava operando normalmente. Como eu mandaria
máscaras, aventais, os equipamentos de proteção individual para esses
lugares? No início propuseram usar a Força Aérea Brasileira (FAB), mas ela
não aguentou uma semana. O Hércules, aquela aeronave enorme, estava à
disposição, mas para sair do chão o custo é tão alto que não cabe no
orçamento. A FAB não tinha dinheiro para abastecer seus aviões na real
medida das viagens que precisávamos fazer para todas as regiões do país.