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Na segunda-feira, fui para a entrevista coletiva. O Braga Netto estava ao meu
lado e a repórter da Globo Delis Ortiz perguntou se eu seria demitido. O
Braga Netto quis responder e afirmou que não havia discussão sobre a
demissão do ministro. Então peguei o microfone e disse que, em política,
toda vez que você nega alguma coisa, é porque aquilo vai acontecer. Todos se
voltaram para mim, e declarei que não era uma questão de “se” eu iria deixar
o governo, mas de “quando”. Porém, apesar de toda especulação, terminei a
segunda-feira como ministro da Saúde.
Na terça-feira recebi a Comissão Externa de deputados federais que faziam
o acompanhamento da conjuntura epidêmica no país. A deputada Bia Kicis,
do PSL do Distrito Federal, uma das lideranças do Bolsonaro no Congresso,
sua aliada de primeira hora, estava presente. Eu disse a ela que estava de
saída, e ela ponderou que a situação precisava, e poderia, ser revertida.
Brincou que a mãe dela me adorava. Até os deputados bolsonaristas queriam
minha permanência, mas nunca procurei ninguém para me ajudar a ficar.
Na quinta-feira, dia 16 de abril, eu estava fazendo uma live com um banco
quando o meu chefe de gabinete se sentou ao meu lado e falou baixinho:
“Presidência, dezesseis horas”. Eram umas três da tarde. Encerrei a live e me
ligaram da presidência reforçando: reunião às dezesseis horas com o