Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

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No Brasil, a partir do primeiro caso, as entrevistas coletivas passaram a ser
praticamente diárias. Eu procurava só participar quando havia algum
acontecimento de maior relevância. Deixava sempre o Wanderson e o
Gabbardo à frente, sabendo que o processo de personalização que
forçosamente ocorreria poderia ter desdobramentos políticos e incomodar o
presidente Jair Bolsonaro. Ele ficaria aborrecido se um ministro ganhasse
muita evidência em seu governo. Mas os casos foram se agravando, e logo
apareceram as primeiras ocorrências no Rio de Janeiro e no Nordeste.
O número de jornalistas nessas coletivas também continuou aumentando.
A cobertura da principal cadeia de comunicação brasileira, a TV Globo,
mudou de padrão: o assunto novo coronavírus tomava quase todos os blocos
do Jornal Nacional. As coletivas eram sempre realizadas às cinco da tarde
com o boletim epidemiológico de casos suspeitos e casos confirmados.
Passamos a consolidar os números dos estados e isso passou a ser a matéria-
prima das reportagens, sempre veiculadas com tempo generoso. Jornalistas de
todos os noticiários se acotovelavam no local reservado para a coletiva,
dividindo espaço com os cinegrafistas. Contavam-se pelo menos dez câmeras
ali dentro. Até que chegou o momento em que tivemos de impor alguns
limites.

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