Ficou decidido que o canal oficial do governo iria gravar todas as
entrevistas e depois disponibilizá-las à imprensa. As perguntas poderiam ser
enviadas por meios eletrônicos durante o dia ou mesmo de forma presencial,
contanto que houvesse pouca gente no local. Começávamos a adotar medidas
de biossegurança para nós, do ministério, e para eles.
Passamos a pensar em medidas para evitar ao máximo que a nossa equipe
fosse contaminada, o que significaria um dano ao trabalho do ministério.
Ficou decidido que, se o ministro adoecesse, quem falaria pela pasta seria o
médico João Gabbardo, secretário-executivo, e o número dois na hierarquia.
Mas e se o Gabbardo adoecesse? Defini que o terceiro na cadeia de comando
seria o Wanderson Oliveira, diretor de Vigilância em Saúde. Todas as
secretarias também tiveram que definir pelo menos três substitutos naturais
dos secretários. Essas pessoas deveriam saber integralmente a política que
estava sendo adotada.
Definimos protocolos de prevenção. Não se podia fazer nenhuma reunião
com distanciamento inferior a três metros. Cada integrante da equipe teria
equipamentos e objetos de uso pessoal exclusivos, como copos e canetas.
Entendemos que o terno e a gravata poderiam ser fatores de risco, porque
normalmente você não lava um terno todos os dias. Aquela roupa poderia ser
um veículo de contaminação. Então decidimos furar o protocolo, para que as
pessoas pudessem fazer a higiene de suas roupas diariamente. Foi quando
adotamos os coletes de trabalho, que eram do nosso comitê de emergência.
Aquele colete azul com o símbolo do SUS virou uma marca. Todo mundo
tinha dois. Assim, enquanto um estava sendo usado o outro ia para a
lavanderia. O colete entrou em cena justamente quando a imprensa começou
a cobrir de maneira mais intensa as ações do ministério, e acabou passando
um recado importante naquele momento: era um símbolo da defesa ao
sistema único e universal de saúde pública.
antfer
(Antfer)
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