15
Concomitantemente à reunião sobre o novo coronavírus, a Câmara havia
convocado uma sessão para votar o reajuste do BPC, o Benefício de Prestação
Continuada, que é pago pelo governo federal a idosos e pessoas com
necessidades especiais com a função de garantir as condições mínimas de
uma vida digna. O aumento no pagamento causaria um impacto nas contas
públicas de 20 bilhões de reais.
Eu tinha chegado ao Congresso à uma e meia da tarde e só terminei o que
tinha para fazer por volta das dezoito horas. Eu havia me programado para
sair e pegar um voo para o Rio de Janeiro, onde veria como estava o sistema
de saúde, que me preocupava muito. Eu tinha uma conversa agendada com o
secretário estadual de Saúde Edmar Santos no dia seguinte.
Meu voo estava marcado para as oito e meia da noite, mas quando eu
estava a caminho do aeroporto tocou meu celular. Era o Braga Netto, da Casa
Civil, perguntando se eu poderia voltar para a Câmara porque o ministro da
Economia, Paulo Guedes, havia marcado uma reunião de emergência com o
presidente do Senado, David Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, e mais alguns deputados e outras lideranças, para pedir a
reconsideração da votação do BPC pela gravidade para as contas públicas. Eu
disse ao Braga Netto que voltaria. O carro já estava subindo a rampa do