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Correio Braziliense/Nacional - Cidades
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Severino Francisco
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Vacina não tem ideologia


Estava na fila de um banco para pagar uma conta
quando tive a atenção despertada para uma conversa
entre três cidadãos sobre a vacina contra a covid-19. Os
três eram simpáticos e bem-humorados. Mas, a certa
altura, um dos rapazes afirmou, com a convicção de um
cientista que estuda e pesquisa o tema há mais de 40
anos: "A vacina da China eu não tomo de jeito nenhum.
Não confio em nada produzido por comunista".


A fala teve apoio de um segundo integrante da roda de
conversa: "É verdade, aquele é doido, se alimenta de
uns bichos esquisitos". O terceiro emendou: "Para mim,
tem de ser a de Oxford ou a dos russos. Só confio em
Oxford e em Putin". Chegou a minha vez de ser
atendido e fui embora pensando em quais eram as
fontes de informação daquele trio sobre vacina.


Mas, de qualquer maneira, ficou claro para mim que a
questão da vacina está ideologizada. Nunca aquela


máxima de Goebbels, ministro da propaganda nazista,
segundo a qual uma mentira repetida mil vezes se torna
verdade, foi tão dramaticamente ou tragicamente
verdadeira. Com as novas tecnologias de comunicação,
a capacidade de transformar uma versão falsa em
verdade categórica ganhou uma velocidade e uma força
de propagação inimagináveis.

O mais assustador é que tenho conversado com
pessoas de formação superior, contaminadas pelo
mesmo vírus da ideologização da vacina. Elas têm
respostas prontas para qualquer questionamento.
Mentira é sempre mentira. Mas existem algumas que
têm consequências mais graves e colocam em risco a
nossa vida. E esse é o caso da vacina contra o novo
coronavírus.

Os cientistas alertam que, se a campanha negacionista
contra as vacinas prosperar nas redes sociais, é
possível a reincidência de doenças que estavam
erradicadas. No caso atual, o problema é de
ideologização. Ora, quando vou tratar dos dentes,
pouco me importa se o dentista é de direita ou de
esquerda. Interessa-se se ele é competente ou
incompetente.

Para ser aprovada, uma vacina passa por um protocolo
de avaliação rigoroso, que envolve instituições e
pesquisadores renomados, que colocam o nome em
risco. Não importa que seja produzida em Oxford ou em
Pequim. Nenhuma vacina é de direita ou de esquerda; é
uma questão de saúde pública, de vida ou de morte.
Que venham outras para nos proteger, pois a covid-19
atacou familiares, amigos e já provocou a morte de mais
de 150 mil brasileiros. Quem ideologiza vacina não
respeita a vida.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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