Exame - Portugal - Edição 439 (2020-11)

(Antfer) #1

Micro



  1. EXAME. NOVEMBRO 2020


será o maior telescópio do mundo e que
representa um investimento de mil mi-
lhões de euros.


Especificamente, o que estão a fazer no
ELT?
O vidro do telescópio é composto por 798
espelhos individuais em forma de hexágo-
no, e cada um deles tem quatro motores que
se movem para fazer um espelho único. Nós
estamos a desenvolver esses motores.


O ISQ lida com tecnologia em quase todo
o mundo. Na sua opinião, como está Por-
tugal em matéria de inovação?
A indústria portuguesa evoluiu brutalmente
em termos de inovação. Basta ver o último
Innovation Scoreboard da UE. Portugal pas-
sou de inovador moderado para fortemente
inovador. Dentro de dois anos, Portugal vai
ser o País parceiro da maior feira industrial
do mundo, em Hanôver. Isto era impensável
há uns tempos. É o reconhecimento inter-
nacional do grau de inovação que a nossa
indústria tem atualmente.


Além dos trabalhos que fazem para os
clientes, o ISQ tem ainda uma equipa de


Investigação e Desenvolvimento (I&D) que
tem criado umas soluções inovadoras...
... Um departamento com cerca de 50 pes-
soas, que já participou em mais de 500 pro-
jetos internacionais de I&D. Temos atual-
mente 64 projetos de investigação em curso.

E, como são uma entidade sem fins lu-
crativos, o que fazem quando estas ideias
evoluem para conceitos comerciais?
Somos muito abertos a diferentes aborda-
gens. Podemos vender a ideia a alguém que
queira aprofundar o seu desenvolvimento
ou podemos nós criar uma empresa, fazen-
do um spin-off do ISQ. Foi o que aconteceu
com a Grow to Green. A ideia surgiu aqui.
Começámos a produzir alfaces num ambi-
ente controlado, com um crescimento três
vezes superior ao método tradicional e com
um consumo de água cem vezes inferior.
Criámos uma empresa com um parceiro, a
Aralab. Mais tarde, eles quiseram comprar a
totalidade do capital e nós vendemos.

Investiram mais de um milhão de euros
num laboratório de manufatura aditiva.
Acha que esta é outra das tendências da
indústria?

Vai alterar setores inteiros em Portugal. Os
moldes tenderão a desaparecer. As peças
deixam de ser feitas a injeção e passam a
ser impressas na linha de montagem. A
Autoeuropa já tem impressoras 3D na fá-
brica. Fizemos este investimento para po-
dermos apresentar soluções aos clientes.

Quais os desafios que o ISQ enfrenta nes-
te seu novo mandato?
A indústria está a alterar o seu modo de
funcionamento. Está a digitalizar, através
da internet das coisas, da Inteligência Arti-
ficial, da sensorização, etc. O trabalho que
nós iremos fazer no futuro para essa indús-
tria será diferente. Por exemplo, enquanto
agora inspecionamos um pipeline, ou um
reservatório de gás, ou a asa de um avião, no
futuro iremos inspecionar os sensores que
fazem esse trabalho. E esta será uma mu-
dança radical. E o passo seguinte não será
só o sensor, mas a inspeção do software que
controla o sensor que, por sua vez, controla
o equipamento. Esta é a mudança que uma
casa como o ISQ terá de fazer nos próximos
quatro, cinco anos. Temos de antecipar as
necessidades dos clientes e de desenvolver
previamente as soluções. E

O departamento
de I&D, com cerca
de 50 pessoas, já
participou em mais
de 500 projetos
internacionais”
Free download pdf