NOVEMBRO 2020. EXAME. 45
sermos nós a fazer os testes dessas másca-
ras. Fazemos também controlo de qualida-
de dos ventiladores e desenvolvemos uma
metodologia, denominada Covid Out, que
pode ser aplicada em qualquer empresa ou
em grandes espaços, como num aeroporto,
cinema ou numa universidade.
A pandemia acabou por contribuir para
uma maior inovação?
Sem dúvida. Estamos a antecipar, nalguns
casos em mais de um ano, a digitalização
de alguns processos. As inspeções que fa-
zemos aos parques eólicos, que tradicio-
nalmente eram feitas com equipas de 10
ou de 15 pessoas, estão a ser realizadas
com drones. Na Argélia, temos de inspeci-
onar 400 quilómetros de gasoduto. Antes
iam equipas de 12 pessoas, durante uma
semana, percorrer o deserto. Agora é tudo
feito com drones.
O aeroespacial é um dos setores em que
têm estado mais ativos?
Estamos envolvidos numa série de proje-
tos. Temos equipas em permanência a fa-
zer o controlo de qualidade da montagem
de satélites e de foguetões do porto espa-
cial da Guiana Francesa, onde está a base
da Agência Espacial Europeia (ESA). Par-
ticipámos nos ensaios do escudo térmico
do IXV, um foguetão da ESA que protege
a nave do calor na reentrada na atmosfera
- um projeto desenvolvido pelo nosso la-
boratório aeroespacial de Castelo Branco.
Criámos, também para a ESA, a cáp-
sula que irá recolher amostras do solo em
Marte. Ficámos responsáveis pelo dese-
nho e pelos materiais que deveriam com-
por essa cápsula. Escolhemos a cortiça. O
projeto é de um consórcio com o grupo
Amorim, o polo de engenharia dos polí-
meros e a Critical Materials.
Estamos também no consórcio do Pro-
grama Infante, que está a desenvolver o pri-
meiro satélite verdadeiramente português,
porque o Posat, lançado em 1992, foi um
processo de transferência de tecnologia.
Este é totalmente desenvolvido em Portugal.
O ISQ está em quantos países?
Em 14, com empresa constituída, mas te-
mos presença em muitos mais. Não te-
mos empresa no Chile, mas estamos en-
volvidos na construção do ELT, aquele que
Estamos
a antecipar,
nalguns casos
em mais
de um ano,
a digitalização
de alguns
processos”