Elle - Portugal - Edição 385 (2020-12)

(Antfer) #1
FOTOS: IMAXTREE (6)

ESTILO


a conseguir entrar nos clubes aos 15 anos.» Foi nas pistas
de dança dos bares de Manchester que teve o primeiro
contacto com a moda. Chegou a usar looks inspirados na
coleção SS9O de Rifat Ozbek, «Branco da cabeça aos pés:
camisola, jeans e botas Timberland – bem, era mais botas
tipo Timberland provavelmente...» Já de uma outra vez,
pediu à avó para o ajudar a fazer umas calças totalmente em
PVCparaumanoitada.

oi aí quecomeceia aprendersobremoda.Foiquando
se fezo click:‘Oh,háumaindústria,háummundo
lá fora’,e entãoeupensei:‘É istoquequerofazer’».
Mudou-separaLondresparaestudardesignde moda
na Universidadede Westminster.Navésperada formatura, os
alunosforaminformadosdequea faculdadehaviasido con-
tactadapelaCalvinKleinparaindicarcandidatosadequados
paraumafunçãona secçãode modafemininada marca. Vevers
nãoeraumdessescandidatos.«Efaztodoo sentido», diz ele

agora. «O meu estilo, o meu trabalho na faculdade ... não era tão
minimal.» Mas não se deixou intimidar. «Convenci um amigo
que havia sido selecionado a dizer-me onde era a entrevista e
simplesmente apareci e bati à porta».
O que aconteceu a seguir mudou o curso de sua vida. A
pessoa que conduziu a entrevista era chefe de moda feminina
da Calvin Klein. Vevers pediu que ela visse o seu trabalho e
lhe desse alguns conselhos. Ela pegou no portfólio, folheou-o
e concordou com a faculdade: o trabalho dele não era adequado
para a Calvin Klein. Mas deu-lhe uma oportunidade num
departamento diferente: acessórios. Pediu-lhe para fazer um
projeto. Ele ficou acordado durante quase 48 horas seguidas a
trabalhar. Uma semana depois, recebeu uma oferta de emprego.
«Na verdade nunca conheci ninguém desse departamento»,
disse a rir. «Só fui contratado para trabalhar naquele projeto».
Admitiu-me que na altura era uma pessoa «irritante»,
algo que vai totalmente contra a imagem do homem sorri-
dente, embora reservado, que está à minha frente. Segundo
ele, a sua confiança na altura vinha de
um lugar de «medo».
«Dou crédito ao meu pai, de certa
forma, por puxar por mim, porque ele
achava ‘Isso é uma perda de tempo, onde
é que isso te vai levar?’ Acho que isso
me deu o empurrão para dizer ‘OK, eu
tenho de lhe mostrar que está errado. Isto
tem que correr bem’. Foi assim que con-
segui essa oportunidade, sendo muito
persistente e provavelmente irritante».
Insistente e irritante podem ter sido
duas partes da fórmula do seu sucesso,
mas a percentagem maior era talento
puro. Tornou-se rapidamente evidente
que Vevers conseguia criar carteiras que as mulheres não só
amavam, como desejavam. A dado momento, estava a dese-
nhar acessórios para Luella, Louis Vuitton (com Marc Jacobs)
e Givenchy. Ele descreve esse período como «muito duro»,
mas acerscenta: «Nunca aprendi tanto quanto naquela época».
Depois veio sua grande chance: assumir o lugar de diretor
criativo da Mulberry em 2004. A marca realmente não estava
no radar de ninguém nessa altura, mas Vevers chegou e deu-lhe
identidade e – mais importante – ousadia. Criou carteiras que
eram clássicas, mas distintas. Tinham nomes próprios nomes,
como um bando de estudantes atrevidos (o Emmy, a Brooke)
que foram-se pendurando nos ombros das celebridades mais
famosas do mundo: Alexa Chung, Kate Moss, Kate Bosworth.
De repente, uma marca inglesa empoeirada tornou-se trendy.
Vevers ganhou o prémio de Designer de Acessórios do Ano
nos British Fashion Awards em 2006 e, no momento em que
a Mulberry estava pronta para conquistar o mundo, Vevers foi
chamado para liderar a Loewe.

À direita e em
baixo: duas das
carteiras Coach
apresentadas
no FW20.

F


Em baixo: a
Amazona, um
dos modelos
reinventado
por Vevers
para a Loewe.
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