Elle - Portugal - Edição 385 (2020-12)

(Antfer) #1
ELLE PT 35

Eraoutrotrabalhodetransformação:umacasatradicio-
nallowprofilequeprecisavadeseragitada.Erao filhodo
meiodafamíliaLVMH.O queeranecessárioeraapenasum
poucodeamor,reforçodeautoestima...e algumascarteiras
e acessóriosabsolutamentebrilhantes.
Veversestavana Loewehá poucomaisde seisanosquando
recebeua chamadadaCoach.Comotinhapassadoa maior
partedesuacarreiraemcasasdeartigosdepele,conhecia
bemo género.Ficoucurioso,principalmentequandofoi
informadoqueelesestavama explorara possibilidadede uma
mudançade direção.Essasuacuriosidade
transformou-seementusiasmoassimque
começoua trabalharna Coach.Foinesse
momentoqueelecomeçoua imaginar
aquiloquea empresase poderiatornar.
Segundoele,nassuasprimeirasreuniões
namarca,a palavra“transformação”era
umadasmaisusadasnoiníciodascon-
versas.Foitambémumadasqueachou
maisatraentes.A mudança,admitesem
falsosrodeios,é algoqueo atraimuitís-
simo.«Achoqueé o desafioinerente.
Sabes,muitaspessoasperguntaram-me
se tinhaa certezadoqueestavaa fazer,
masé a issoquechamo“oportunidade”.
Quandodeixeio meutrabalhonaLouis
Vuittoncomo MarcJacobsparair para
a Mulberry,aspessoasdisseram-me
abertamente:“Estáslouco!”Mas,para
mim,foio desafio».

artedeseuprojetoeracriar
umalinhadepronto-a-vestirCoach.Naalturaela
já erafamosacomomarcadeacessórios,maspara
ganharvisibilidadenomeioda moda,precisavade
roupa– e, maisimportante,de umapersonagemcoma qualos
consumidoresse conectassem.A coleçãofoiapresentadapela
primeira vez em Nova York em 2016: uma variedade eston-
teante de vestidos boho, botas com sola de borracha e casacos
de shearling. Parecia que tinham saído de um filme de Terrence
Malick ... e da imaginação de um inglês. Às vezes, é preciso
que venha alguém de fora e que consiga olhar objetivamente
para a cultura; alguém que não tenha sido tocado pelo cinismo
e não tenha medo de flirtar com os arquétipos. Vevers colocou
de parte a América da sua infância, que conhecia de filmes e
livros, para viajar livremente na sua imaginação. O resultado:
uma linha que consolidou a Coach como uma marca de pron-
to-a-vestir contemporânea.
Entretanto, decidiu também recrutar um grupo de celebri-
dades. A estrela de Black Panther, Michael B Jordan, é uma
dessas pessoas, que não só é o rosto da linha de roupas masculinas,

mastambémo responsávelporprojetarumalinhaderoupas
unissexoparaa Coach.JLotambémse juntouà famílianum
timingperfeito.AntesdelaentrarnopalcodaSuperbowl,
Veverstornou-anumdosrostosdaCoach.Existemoutros:
Jemima Kirke, Yara Shahidi e Chloë Grace Moretz. Mas como
é que ele fez tudo isto? Como é que ele é capaz de prever o que
o zeitgeist precisa antes mesmo de ele perceber que precisa?
Quando me prepararo para sair pergunto-lhe sobre sua a casa.
Porquê aqui? Vevers e o marido moraram anteriormente em
West Village e Tribeca, ambos epicentros agitados da cidade.
Disseram-me que a Trish Goff lhes falou da casa, e que eles
se apaixonaram por ela. Perguntei incrédula: “Trish Goff? A
Trish Goff que fazia parte da segunda vaga de supermodelos
dos anos 90?” Exatamente! Riram-se.
Mais tarde naquele dia, perguntei ao concierge do meu hotel
sobre a zona do Upper West Side onde Vevers mora. “Ahhhh”,
exclamou, “É uma zona que está muito em alta”. Por outras
palavras: uma zona muito cool. n F.S

«QUANDO DEIXEI A LOUIS
VUITTON PARA IR PARA
A MULBERRY, AS PESSOAS
PERGUNTARAM-ME:
“ESTÁS LOUCO?”»

Stuart Vevers
no final da
apresentação da
última coleção
Coach, em cima.
À esquerda: uma
das carteiras
da coleção.

P


Dois looks
do primeiro
desfile de
Vevers para
a Coach.
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