Revista Literária Prosa & Versosfrio. Eles não mandaram bem em suas artes
circenses, não deu certo.
Fazia muito frio! A noite caía, a chuva
torrencial não passava e aquele jantar de na-
tal a uma hora dessas com aquelas pessoas
se entreolhando, provavelmente, acabara.
Os meninos correram em busca do seu
cachê e aproximaram do retrovisor.
Da janela tudo era visto, cada ação, a
chuva que caía, cada gota d’água e a água
escorrendo pelo chão!
No mesmo instante esse rapaz, que
bebia aquele refrigerante
com tanta sede, parou de
beber, abriu uma parte do
vidro e deu o resto para
aqueles garotos e fechou o
vidro, rapidamente.
Existia muita chu-
va.. Mas faltou amor. Fal-
tou entender que aquela
noite era natal.
Que aquele dia estava chovendo. Que
aqueles meninos precisavam de mais. Gorje-
ta mesmo.
Só o que restava. Uma gorjeta pelo
amor de Deus!
Uma gorjeta pelo trabalho artístico que
eles tentavam fazer na rua, na chuva e no
chão sem palco e com apenas 1 na plateia.
Quem mais observava essa ação? Quem mais
estava ali presente?
Eles queriam um reconhecimento pela
tentativa de fazer um bom trabalho, não saiu
perfeito, pois o frio, a fome e a chuva ofusca-
ram o show.
Esse rapaz não poderia ter dado uma
gorjeta a esses meninos?
Não poderia ter oferecido algo melhor
do que o resto do refrigerante?
Os garotos queriam um reconhecimen-
to pelo trabalho. Eles queriam amor, solida-
riedade e compaixão. Eles queriam ser visto.
Eles queriam...
Era o trabalho deles, na chuva mesmo,
descalços, molhados, mas era o que sus-
tentava a sua mãe e seus
irmãos que estavam reu-
nidos em uma pequena
cabana do outro lado da
rua de onde observavam
toda a ação e aplaudiam
aqueles artistas de rua
pelo desempenho do belo
trabalho. Era o que sa-
biam fazer!
Eles sabiam que
aquela noite era Natal!
Aqueles garotos queriam voltar para a
cabana onde estava sua família e fazer a sua
ceia de natal com o que tinha. Amor, compai-
xão e solidariedade! Mas, também, eles que-
riam estar sentados a uma mesa farta e ter
um peru como anfitrião.
Felizzzzz, natal!!!Josenilto Andrade Reis, Mestrando em Linguagem e Letramento do
(Profletras) pela Universidade do Estado da Bahia (2019). Especialista
em Gramática e Texto pela Universidade Salvador (2010). Graduado
em licenciatura Língua Portuguesa/ Inglesa e suas respectivas Litera-
turas pela Universidade Salvador (2009). Atualmente é professor efe-
tivo de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de Educação de
Santo Amaro-Ba e professor efetivo de Língua Inglesa da Secretaria
Municipal de Educação de Candeias-Ba. Membro do Grupo de Pes-
quisa Psicolinguística Perspectivas interdisciplinares (GPLPI/UNEB).