marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 183

quando elas terminassem, saía para andar, quer dizer, saía para fazer
outras atividades, mas ele ia caminhando. Claro que ele tomava bonde,
ou ônibus, se fosse preciso, mas de preferência ele fazia tudo a pé.


Edson – Isso no Rio de Janeiro.
Clara – Aqui na Bahia era tudo na rua. Quando ele morou em
São Paulo fazia caminhadas enormes. Claro que nos momentos da
clandestinidade muito grande, nos momentos que ele tinha que
suportar, ele tinha que ser levado de carro, mas aí é outro momento,
outra circunstância.


Edson – Nós vamos chegar lá. A senhora relatou agora, há
pouco, que ele como deputado gostava de conversar com os outros,
evidentemente que a conversa girava em torno de política. O que eu
quero saber é se a senhora tem exemplos concretos dos assuntos que
ele gostava de conversar além de política?
Clara – Todo mundo que conheceu Marighella sabe que ele
gostava de conversar sobre tudo, ele gostava de esportes, conversava
sobre futebol, conversava sobre qualquer assunto do cotidiano das
pessoas, o que estava acontecendo. Mas ele, como deputado, tinha
que discutir também politicamente com aqueles operários. Por quê?
Porque ele foi muito porta-voz das reivindicações mínimas e máximas
dos trabalhadores e do povo em geral. Se ele conversar por exemplo,
você imagina, ele fazendo discurso pra defender os interesses dos
carteiros da Bahia, ou dos ferroviários do Rio de Janeiro, ou de Minas
Gerais. O pessoal mandava telegramas para ele com denúncias, ele lia
aquilo tudo no plenário da Câmara, que era uma forma de transmitir
a reivindicação. Quando conversava com as pessoas, é claro que ele
sabia, a sensibilidade que Marighella tinha, a sensibilidade dele era
tamanha e tão voltada para esse povo, que era impossível que ele não
discutisse todas as questões. Por exemplo, na luta pela exploração do
petróleo no Brasil, você imagina ele conversar com pessoas, homens,

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