marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 287

solenidade que houve lá, não era corriqueiro, eu nunca tinha visto ele
chegar num bar assim, vamos beber, como eu faço, “me dá um chope
aí!”. Isso eu nunca vi ele fazer. Mas, eu vi ele tomar muito uísque,
fiquei até admirado. Eu até pensei: Marighella toma um uisquizinho
razoável, viu! (risos). Mas isso não caracteriza um ato comum. Embora
eu ache que o cara que beba não seja nenhum cristo, eu não acho.
Não tenho essa ojeriza toda (risos). Mas, eu fiquei admirado de ele
ter tomado o uísque.


Edson – Ele ficou inteiro?
Geraldo – Ficou! Ficou inteiro. Por isso que eu admirei ainda
mais. Eu não sou bebedor de uísque, minha bebida não é uísque.
Mas ele não, ele só gostava de um uísque. Pelo menos naquela
ocasião.


Edson – Ele gostava de contar piadas, não é?
Geraldo – Não era bem assim contar piadas; de vez em quando
ele citava esses troços, como eu te falei, o negócio do babalaô. Uma
coisa mais na gozação, na descontração (risos). Não baixava assim o
vício da piada de papagaio, isso aí não. Dessas brincadeiras dele, todo
mundo participava e dava risada. Ele era um cara bem humorado.
Nunca vi ele mal humorado. Ninguém tem a perfeição de ficar a
vida inteira dando risadas, fazendo graça. Mas eu nunca vi ele com
ar pesado, de mal com o mundo. O pessoal da intelectualidade aqui
do Rio gostava muito dele, porque ele sabia tratar os intelectuais,
coisas que muitos dirigentes não sabiam.


Edson – Como você ficou sabendo da morte dele?
Geraldo – Por jornais e rádio. Eu fiquei chocado. Interrompe-
ram até um jogo do meu time para fazer o negócio. Eu torço pelo
Corinthians. Naquele tempo havia uma rivalidade muito maior do
que há hoje, por causa do Pelé. Eu fiquei sabendo no dia.

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