EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 293
lançou a palavra de ordem que correspondia à realidade, tanto que
a prova éramos nós, quando ele lançou nós dissemos: “Esse é o ho-
mem”. Dentro de uma visão de uma frente ampliada, não era uma
coisa comunista, fechada, era uma frente para combater a ditadura,
uma frente de vários segmentos sociais, tanto as duas coisas. Nós já
vínhamos atuando, já tínhamos um poder de fogo, já tínhamos uma
estrutura mínima.
Edson – Antes de entrar na ALN?
Carlos – Antes. O que a gente sabia é que tinha que fazer a luta
armada, se quisesse fazer política tinha que garantir ela nas armas
porque cada vez mais que se mexia era cacetada e tiro em cima, ou
para ou vamos nos organizar para isso. A gente sabia que as coisas
estavam acontecendo, nós não éramos sozinhos no mundo, a gente
tinha essa visão do Marighella. Eu acho que isso tem um aspecto
interessante da parte do Marighella, acho que isso, como ele via um
grupo muito jovem tomando à risca toda situação, ele fazia questão
de estar nas lideranças desses grupos jovens. Eu tive vários conta-
tos com o Marighella, saía com ele, geralmente conversava dentro
de carro, como eu era legal pegava ele e a gente saía conversando,
batendo um papo e ele procurava mostrar uma coisa que para nós
é fundamental: uma liderança dele, com aquela responsabilidade,
ele estava ali, no meio da guerra, na linha de frente, que era uma
coisa que desmistificou. Qual era o problema da direita? Era dizer
que nós éramos inocentes úteis, que nós éramos comandados pelos
velhos comunistas de Moscou, que ficam em casa dando ordens.
E isso, de certa forma, funcionava, não era de todo mentiroso, era
um argumento que eles usavam. Mas o Marighella, com a coragem
destemida dele, fez questão de ele mesmo ir para as ações, fiscalizar
as ações, dava assistência. Eu me lembro de uma época em que nós
estávamos perseguidíssimos e nós fizemos várias discussões, ele dizia:
“Vocês estão muito queimados, vocês precisam sair”. Ele, em vez de