marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 303

Edson – Um homem de um metro e novena, a peruca chamava
mais atenção do que disfarçava.
Carlos – É... O Mariga, a gente se encontrava mais à noite.


Edson – Uma crítica que o Gorender faz é que ele desafiava a
morte. Não é bem uma crítica, mas Gorender diz que Marighella,
por ser corajoso, não temia praticamente nada.
Carlos – Ah! Sim.


Edson – Isso pode ter uma responsabilidade na morte dele.
Carlos – Ele confiava muito nas pessoas. A pessoa boa tem esse
problema também. Confiava muito. Dizia que não podia confiar,
mas ele mesmo confiava. É difícil você achar que o cara vai trair, já
teve algumas demonstrações de coragem, de apreço, de ações, “esse
cara não vai trair”.


Edson – Ele abriu em algum momento ou vocês sabiam do con-
tato com os padres?
Carlos – Eu sabia porque o Congresso de Ibiúna teve muito o
lance com os padres e até um contato nosso.


Edson – Como você vê essa polêmica sobre a morte de Marighella?
Carlos – Eu acho que não se tem mais dúvidas de que a reta final,
o desenlace, foram os dominicanos. Os freis que levaram o Marighella
à emboscada. Agora entrar na tal polêmica do Paulo de Tarso, do
livro do Emiliano, isso aí é complicado. Tem que haver um dia, se as
pessoas quiserem opinar, tem aquele depoimento do Alípio Freire,
uma coisa muito forte e muito difícil de ser tratada. De um lado
Marighella cometeu uma liberalidade que não devia ter cometido, o
tal negócio da confiança extremada.


Edson – Ele tinha convicção se não ia ser preso, se ia cair?
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