EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 305
significou a nossa derrota, não imediata, mas a derrota em seguida.
Não foi imediata.
Edson – Você falou no início que vocês se interessavam pelo que
o Marighella defendia. Boa parte de vocês que atuavam na ALN
tinham uma correlação de ideias e quando ele é morto dá um certo
vazio, não um vazio totalmente...
Carlos – Marighella teria condições, a força política e a liderança
para fazer as reformulações necessárias para o encaminhamento do pro-
cesso revolucionário. A morte dele significou essa falta de uma liderança
com condições de fazer isso. O próprio Toledo não teve condições de
fazer, também foi eliminado, apesar de estar fazendo um coletivo. A
figura do peso político, ideológico era fundamental para amalgamar
aquele conjunto. Ele sobressaía em termos de experiência e liderança.
Edson – Das suas conversas com o Marighella como ele se com-
portava?
Carlos – O Marighella era muito envolvente. Como ele tinha
um estilo totalmente extrovertido, ele ia chegando, começava com
um assunto do dia a dia e ia colocando temas principais. Não dava
muita chance para esse negócio de formalidade, de tempo, pelo menos
comigo foi assim. Quando você levantava uma coisa ele entrava no
assunto, não fugia, sempre procurou dar as respostas. Agora, não tinha
esse negócio que você falou, que todo mundo falava e ele: “Fala você”.
Ele já chegava atropelando, no bom sentido, conversando, sabendo
que se estava vivendo um momento muito complicado.
Edson – Você pensou alguma vez em parar, sair da organização?
Carlos – Não.
Edson – Qual a avaliação que você faria da sua inserção, naquele
período, na luta armada?