marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 309

à Salvador e levou lá uns, não me lembro bem, coisa de dois meses
fazendo a campanha eleitoral de 2 dezembro de 1945, que elegeu o
presidente da República e os senadores e deputados.


Edson – Naquela época a legislação permitia se candidatar por
vários Estados.
Jacob – É. Prestes foi candidato por vários Estados, não me lem-
bro se se elegeu por mais de um, Getúlio sim, se elegeu pelo Rio de
Janeiro, São Paulo e parece que pelo Rio de Janeiro também. Então,
Marighella foi candidato a deputado federal, ali eu convivi com ele
naquele ambiente da campanha eleitoral.


Edson – Qual foi a impressão causada por Carlos Marighella
nesse primeiro contato, já que você tinha essa ideia de um homem
que tinha um comportamento, na prisão, de resistência?
Jacob – Não tenho uma impressão especial. Eu tinha uma admi-
ração por ele. Eu era militante, ele já era um homem experimentado,
era membro da Comissão Executiva, do Comitê Central, era um
dirigente nacional. O partido estava em ascenso, estava no período da
legalidade, o prestígio de Prestes ainda era grande, faziam-se grandes
comícios. E tudo isso me fortaleceu na ideia de militância. E depois
eu tive a oportunidade de ter muito mais contatos com Marighella,
no Rio de Janeiro, antes da ilegalidade, quando o partido foi posto
na ilegalidade e depois atuamos juntos na Comissão de Agitação e
Propaganda, já na clandestinidade, no Rio de Janeiro. Me reuni várias
vezes com ele e depois tive um contato muito estreito com ele na di-
reção do Comitê Estadual do partido, em São Paulo, de 1951 a 1953.


Edson – Inclusive, vocês participaram de uma greve em São Paulo,
a greve dos 300 mil.
Jacob – A greve dos 300 mil foi feita sob a direção do partido, com
a atuação do Marighella e minha sob a direção do Comitê Estadual.

Free download pdf