marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
332 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

participantes era o Norberto Nering, o Farid Hellu, uma arquiteta,
que hoje mora nos Estados Unidos, a Rita, um economista e a mu-
lher dele. Nós recebíamos o levantamento do banco, depois a gente
estudava na prancheta todos os planos de fuga, primeiro tinha que
fazer o levantamento, todas a situações, se ele entrasse em tal rua, se
ele chegasse e estivesse fechada como que ele saía.


Edson – O levantamento era o horário...
Roberto – Isso mesmo. Você ia pagar alguma conta, entrava
na fila, via qual era a saída dos bancos, quantos caixas ele tinha,
se tinha caixa forte, quantas pessoas trabalhavam no banco. Tudo
era mapeado e levado para o pessoal da ação. O pessoal da ação
chamava Grupo Tático Armado, GTA, nós tínhamos, aqui, cinco
ao final, era um, depois dois, três... Foi crescendo, e que às vezes
faziam ação conjunta.


Edson – Esses GTA’s atuavam em ações específicas?
Roberto – Depende das ações. Teve ações em que todo mundo
participou. Teve uma ação que nós assaltamos dois bancos ao mesmo
tempo, lá na Mooca, na Avenida Paz de Barros, uma esquina era a
Caixa Econômica Federal, na outra o banco Itaú. Foi lá que matou
um cabra deles, você ficou sabendo? E o Chiquinho que era nosso,
teve um cara que deu um tiro no estômago dele. Isso foi um troço
fantástico. Nós saímos dali e fomos para onde tem o autódromo de
Interlagos e tomamos um hospital.


Edson – Para tentar socorrê-lo?
Roberto – Tentar não. Chegamos lá dez horas da noite, tomamos
o hospital, operamos o cara e saímos de lá às cinco horas da manhã.
Como não tinha sangue, viemos roubar sangue no Hospital das Clí-
nicas em Interlagos. Quando a gente veio roubar sangue no Hospital
das Clínicas, saímos aos gritos de lá depois.

Free download pdf