marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 339

ficharam todo mundo. Eles tiveram dificuldades nos primeiros tempos
por causa de quê? Porque todo mundo usava nome falso, embora
fosse um negócio meio liberal, Marighella condenava esse negócio do
pessoal, como a gente se conhecia... Eu pegava o Marighella e ia levar
numa reunião com 20 caras, daqueles 20 eu conhecia 15, de tanta
conversa e já tinha ficado o dia inteiro e daí já começava a chamar pelo
nome, ele ficava puto com esse negócio, ele achava que esse negócio de
segurança tinha que ser seguido à risca. A repressão baqueou a gente
quando ela começou, fez um álbum, com o nome de todo mundo
do congresso e na tortura eles identificavam, eles apagavam o nome
e colocavam o nome de guerra. Então, eles mapearam todo mundo,
esse foi o grande troço, eu acho, que liquidou a gente.


Edson – Ele direcionava a luta para o campo nesse momento?
Em outubro, antes da morte dele, afinal você teve contato com ele
em outubro.
Roberto – Isso nós não discutimos muito já no fim não. Ele fazia
um levantamento de que a repressão tinha tido um ganho político,
inclusive em termos de repressão mesmo. Ele não acreditava que os
caras dessem uma resposta tão rápida. A Oban, ele não acreditava que
no começo o Exército fosse para a repressão, repressão armada, que
fizesse um centro de torturas, não pensava que eles fossem até lá, eu
acho que eles foram muito rápidos, montaram essa aparelhagem de
toda repressão muito rápido, acho que eles não esperavam que tanto
oficial do Exército aderisse tanto à tortura como aderiu, praçinha,
general, capitão.


Edson – Cair de pau em cima?
Roberto – É, torturar e gostar de fazer aquilo que fazia. Ele achava
que o Dops era mais fácil, já exercia essa função, já estava fazendo
isso há muito tempo, mas ele, eu acho que ele não acreditou muito
que o Exército fosse entrar tão pesado assim.

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