marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 353

deles eu vi, era o Arruda. E o outro, eu custei a ver, era o Marighella
usando uma peruca, eu custei a ver: “Pô, eu conheço esse cara”. Era
a peruca. Quando eles passaram, o Arruda não me viu, do jeito que
ele estava virado eu passei do lado deles, ele estava falando com o
Marighella e dali ele não prestou atenção. O Marighella, Mariga me
conheceu e piscou o olho pra mim, ainda me lembro desse episódio.
É claro que eu fui embora, ele também. Passado um tempo eu li no
jornal e ouvi no rádio que mataram ele, naquela região, foi por ali
que mataram ele, ou pelo menos foi ali que o corpo dele apareceu,
parece que foi ali que mataram ele.


Edson – Na Alameda Casa Branca.
Salomão – É, nessa área que é ali atrás, naquela área, não sei se
foi exatamente no ponto. Foi meses antes da morte dele, foi um, dois
meses, não muitos meses não. Foi num período relativamente curto.


Edson – No máximo dois meses para ser mais exato.
Salomão – Próximo, suficientemente próximo. Ele devia usar
aquela área lá. Isso que eu posso lhe dizer.


Edson – Desse contato mais próximo, em que conversaram sobre
as denúncias do 20º Congresso. Em alguma situação, além de uma
conversa propriamente política, que era a pauta da conversa, mas
você consegue reconstruir algum tipo de conversa, algum assunto,
uma brincadeira, um comentário da vida comum, que ele tenha feito?
Salomão – Marighella era um homem muito aberto. Comentava
coisas do dia a dia corrente, comentava, às vezes, um fato assim. E
outra coisa, ele era um homem fraternal, porque foi um momento,
por exemplo, para mim as dificuldades pessoais eram grandes e ele
sempre se revelou uma pessoa fraternal, muito camarada, com muita
boa vontade e também muito aberto para discutir as coisas, então,
ele discutia futebol, coisas do cotidiano. Conversava sobre as coisas,

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