Newsletter Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

qualquer de suas versões, toma como um princípio o
que, na realidade, é um resultado que depende
fundamentalmente dos movimentos da concorrência
entre os poderes privados, empenhados na luta feroz
pela acumulação monetária. Os conservadores não
admitem a existência de diferenças de poder entre os
agentes privados.


A economia capitalista não é um espaço homogêneo no
qual os desejos dos indivíduos utilitaristas se
harmonizam ou, como pretendem outros desavisados,
um sistema de “produção de mercadorias por
mercadorias”, senão uma organização social
governada, para o bem e para o mal, pela lógica do
enriquecimento privado.


Para desapontamento de muitos, o funcionamento da
sociedade capitalista de mercado, fundada no
enriquecimento privado, depende da capacidade do
Estado de manter o equilíbrio instável e contraditório
entre diversos e heterogêneos interesses dos grupos
sociais. Os credores e proprietários da riqueza líquida
costumam exigir mais “austeridade” e os devedores e
despossuídos pedem mais generosidade por parte das
políticas monetárias. Essas políticas definem, na
verdade, as condições de acesso à liquidez, ao obscuro
objeto de desejo.


A chamada política de metas, por exemplo, pretende – a
partir de uma série de indicadores prospectivos –
estabilizar expectativas privadas, mediante o
compromisso de manter a inflação em um intervalo de
variação, fixado em torno de um objetivo central. Como
o velho monetarismo, a política de metas supõe que as
decisões privadas são racionais e que o “jogo da
confiança” só pode ser burlado pela violação das regras
pelas autoridades eleitas. Trata-se do truque de
desconsiderar as bruscas alterações nas expectativas
(ou nos interesses) das instituições privadas mais
influentes.


Um exemplo da desproporção de forças entre os
setores da sociedade está escancarado nas reuniões
dos economistas que participam do Boletim Focus. São
todos do “mercado” os que, entre outras façanhas,
inspiram as opiniões da simpática Juliana Rosa. Não há
espaço para representantes de outros setores da
sociedade e da economia também afetados pelas
decisões do Banco Central. Essa escandalosa
discriminação está disfarçada sob o manto da
especialização técnica, um pretexto tosco para encobrir
a natureza essencialmente política dos Bancos
Centrais. Não para de rodar a porta giratória entre as
mesas de operação das instituições financeiras e as
burocracias econômicas executoras dos projetos e
programas de interesse privado. Nesse bloco
hegemônico não faltam os serviçais da mídia,
infatigáveis em apresentar esses companheiros de
jornada como portadores de um saber superior, o único
capaz de assegurar, aos olhos dos mercados
financeiros, a credibilidade da política econômica.

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
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do Brasil, Banco Central - Perfil 1 - Bacen, Banco
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Central do Brasil, Banco Central - Perfil 1 - Bancos
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