Banco Central do BrasilO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupançaetária, 145 mil são mulheres, ou 31, 5% do total. Em
comparação a março de 2020, início da pandemia, a
representatividade avançou alguns pontos dentro desse
grupo: há pouco menos de um ano, elas representavam
29, 96% dos então 377, 9 mil investidores com mais de
56 anos na B3.
Nova ordem
'Começou a render muito pouco, aí parti para os fundos
de ações. Meu objetivo é rentabilizar ao máximo o
patrimônio. ' Ervalino Sousa Matos PROFESSOR
Na última sexta-feira, a Suprema Cortado Reino Unido
decidiu que a Uber deve tratar seus motoristas como
funcionários. Ou seja: direitos trabalhistas. E é decisão
final, não cabe recurso. AÀ Suprema Corte francesa já
havia tomado decisão semelhante, assim como a da
Espanha, um processo do tipo está em curso no
Canadá, e em diversos estados dos EUA.
Evidentemente que nova legislação pode reverter este
curso - mas esta é uma das mais relevantes discussões
em curso no mundo atualmente. Uma discussão
ausente no Brasil.
Este é um dos grandes custos que o bolsonaismo impõe
ao Brasil. O país se perde em discussões irrelevantes a
cada crise vazia - e crise nova há, muitas vezes parece,
dia sim, dia não. O Brasil se perde, também, em
debates que sequer deveriam existir - como o da
defasado meio ambiente, odo armamentismo
desenfreado ou, pasme, até o da manutenção da
democracia. Enquanto isso, lá fora, o século 21 corre
solto impondo suas transformações.
A questão no centro da decisão da Justiça britânica não
tem a ver com o Uber. Tem a ver com a reinvenção do
trabalho. Não é um debate simples.
O Uber argumenta aquilo que a maioria dos apps do
tipo dizem. Ele oferece uma tecnologia que permite a
pequenos empreendedores que encontrem com mais
facilidade seus clientes. Une duas pontas. Isso é
verdade. Assim como é verdade que, diferentemente de
uma relação normal de trabalho, os motoristas
trabalham quando querem.Os motoristas que foram à Justiça, porém, chamam
atenção de outros pontos. E o Uber que dita o preço da
corrida, coleta o dinheiro, pune motoristas que recusam
chamadas e impõe um sistema de notas que pode
custar a quem dirige sua expulsão da plataforma. Um
empreendedor, por meio de seu engenho, tem
oportunidades de crescer. O motorista ganhará sempre
o mesmo que os outros e seu maior esforço tem, na
vida real, uma única premiação. Poder continuar
trabalhando. Em geral, esses apps escravizam quem
precisa manter renda digna.A Justiça britânica então decidiu que o Uber terá
garantir um salário mínimo por hora trabalhada - e a
hora trabalhada vale quando o motorista liga o app. Dá
direito também a não trabalhar quando se está doente,
férias e plano de previdência. O Uber responde que, em
momentos de ociosidade, quando há mais motoristas do
que passageiros, se verá obrigado a impedir muitos de
acessar a plataforma. Se não, o negócio se tornará
inviável.A discussão é de uma complexidade imensa por muitos
motivos. O principal: carros autônomos já existem.
Antes de 2030, não haverá mais motoristas. O mesmo
vale para os apps de entrega. O processo de
automação de muitos destes serviços apenas começou
e está para ser acelerado.A lógica dos direitos trabalhistas que temos hoje
depende de uma sociedade industrial onde empresas
contratam massas de pessoas para produzir. Na
economia digital, grandes empresas contratam uma
fração de pessoas. A forçados grandes sindicatos só vai
diminuir, pois cada vez mais o trabalho será mais
fragmentado e distribuído. Aquele Estado de bem-estar
social não é mais sustentável. Tem de ser pensado
outro.O laissez-faire não é a solução. O que aconteceu nas
décadas de 1920 e 30 no mundo, com a ascensão de
governos autoritários e totalitários foi fruto de uma crise
de emprego que levou gente em desespero a virar