Revista 3ª edição

(Anita Santana) #1

por esse motivo, continuo o
transitar de loja em loja em
busca de mais e mais
decepções e frustrações.
Respiro fundo e sigo adiante.
Voltamos para casa e, me
debruço sobre minha leitura da
vez na intenção de buscar um
acalento ao meu autoamor
ferido.
Passam-se as horas e chega o
momento de me arrumar para
dar os parabéns ao
Aniversariante da noite. Uso
um vestido de minha irmã, faço
uma maquiagem leve, solto o
cabelo e uso e abuso das fotos.
Me sinto bem melhor. Como
um pouco, estava sem fome,
com algo entalado bem fundo
em meu peito, não sei bem se
os episódios da tarde ou a
solidão me abatem ainda.
Antes mesmo das 22:00 já
havíamos comido, e eu já me
despira do longo vestido
vermelho de minha irmã, já
havia tirado a maquiagem e a
pouca dignidade que ainda


sobrara em mim foi o
suficiente apenas para uma
meia hora de filme com as
crianças na sala. Vou para o
quarto e espero, ansiosamente,
o pequeno dormir, o que não
demora muito, e eu, enfim,
choro as lágrimas entaladas
desde a tarde.
Durmo e hoje pela manhã
resolvo terminar de expor as
minhas vulnerabilidades e
vergonhas tão típicas de
feminilidade. Ainda de
camisola, antes mesmo das
minhas rotinas matinais, ligo o
computador e desisto de
agradar aos outros com minhas
escritas. Vai assim mesmo,
com tristeza, com vergonha,
aceitando a minha
vulnerabilidade e sempre em
busca de uma difícil aceitação
que a busca pelo
perfeccionismo faz mal, muito
mal. Continuarei em busca de
mais e mais coragem de ser
inteiramente IMPERFEITA!

Salvador, 25 de dezembro, 2020.


Carla Brandão Lopes.
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