Revista 3ª edição

(Anita Santana) #1

À medida que vou lendo o
livro vou melhorando meu
humor, minha percepção das
coisas e até mesmo minha
autoestima. É véspera de Natal
e eu decido me arrumar um
pouco para a ceia, que nem é
bem uma ceia, apenas um
parabéns ao Aniversariante.
Minha família tem por tradição
caprichar no almoço do dia 25,
e não na ceia propriamente
dita. Cismei que queria um
vestido vermelho (coisas da
minha vaidade exagerada),
tenho outros montantes de
roupas, mas queria
especificamente um vestido
vermelho, liso, sem estampas.
E saí pelas ruas do bairro em
busca da vestimenta. Dentro de
pouco mais de duas horas de
passeio de loja em loja a
primeira categoria de vergonha
feminina já resolve me dar uma
surra das mais cruéis que eu
poderia receber naquele dia.
Em meu corpo de 58/59 quilos
muito mal distribuídos em 1,62
de altura nada ficava bom aos
meus olhos que tanto me
condenam. Os vestidos e
macacões experimentados não
eram aptos a mulheres fora de


forma (digo a forma
magérrima). Só me deparava
com roupas costuradas para
corpos magros, de cinturas
finas e seios firmes. Fui
engolindo a vontade de chorar
ao tempo que me atrevia a
visitar mais e mais lojas. No
meio das visitações entro em
uma loja de semijoias... Ali sim
tem de tudo que me sirva e me
agrade. Tudo de muito bom
gosto, como sempre, já é uma
lojinha bem conhecida minha,
experimento anéis, olho
brincos, colares e fico louca
por tudo o que vejo. Mas aí a
segunda vergonha feminina
resolve ajudar a primeira a me
derrubar de vez na lona na
vergonha/vulnerabilidade. A
grana que possuo não dá para
esse tipo de extravagância,
ainda há muito o que pagar
antes de findar o ano, fora
todas as dezenas de despesas
de início de ano que vêm por
aí. Coisas da terceira
vergonha/vulnerabilidade
feminina: Maternidade, que no
meu caso é solo e de peso
triplicado.
Estou em companhia de minha
irmã e minha mãe, e, somente
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