Expectativa de alta na Selic
Banco Central do Brasil
Correio Braziliense/Nacional - Economia
sábado, 6 de março de 2021
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Autor: » VERA BATISTA
Apesar da forte desaceleração da economia,
especialistas consultados pelo Correio afirmam que o
Banco Central terá que enfrentar o desafio de elevar a
taxa básica de juros (Selic, atualmente em 2% ao ano)
ainda neste mês de março. A maioria das apostas vão
de alta de 0,25 a 0,75 ponto percentual. A medida está
sendo vista como o melhor remédio para conter os
impactos do dólar sobre a inflação. Isso porque os
investidores acompanham com lupa o desempenho dos
juros futuros, o que acontece toda vez que o país se vê
diante de uma crise ou instabilidade política.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton
Investimentos, a majoração vai "equalizar nossa taxa de
juros com o risco percebido e o risco Brasil". Ele
ressalta que o país é um dos países que menos pagam
juros livres de risco do mundo (abaixo de África do Sul,
Colômbia, Filipinas, Indonésia, México e Turquia), e isso
acaba fazendo o dólar subir. "No limite, o cenário
doméstico piorou muito, e isso não foi acompanhado
pelos juros. Subir a taxa agora pode não ser ruim.
Afinal, os juros longos estão altos demais. Subir a Selic
pode fazer com que os longos caiam", destaca. Ele
aposta em avanço de 0,25 ponto percentual.
No entendimento do economista Cesar Bergo, sócio-
investidor da corretora OpenInvest, o BC tenderia a
manter a Selic onde está, nos 2%. "Mas considero um
pequeno grau de bom senso e em uma elevação de
0,25 ponto percentual. Eventual letargia do BC na
condução da política monetária vai custar muito caro
para o país", alerta. A crescente pressão inflacionária e
o aumento da taxa de juros americana formam um
cenário favorável à elevação de até 0,50 ponto
percentual, segundo ele. "A questão é uma só: houve
evidente piora das condições relacionadas ao risco e o
BC procura acalmar os ânimos", diz.
Alerta ligado
A segunda semana de março pode ser decisiva e
apontar um norte para o Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central, na análise da equipe
econômica do Bradesco. Em seu relatório, aconselha os
investidores a prestarem atenção aos indicadores de
atividade. "O resultado das vendas do varejo e do setor
de serviços referentes a janeiro serão o destaque da
agenda doméstica. Com o IPCA de fevereiro, são
importantes indicadores para a definição da taxa de
juros pelo Banco Central, no dia 17 de março", indica o
banco.
Ontem, o presidente do BC, Roberto Campos Neto,
falou em dois eventos on-line fechados, para instituições
financeiras. Fontes que assistiram à apresentação
disseram que, além dos números que ele mostra
sempre, o principal recado foi em relação ao chamado
forward guidance (orientação futura). O mercado estava
ansioso por explicações. "Porque, na última ata do
Copom, o BC deu a entender que o abandono do
forward guidance implicaria no aumento automático da
taxa de juros. E, agora, Campos Neto tenta convencer
que não se trata de um procedimento automático", disse