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OPINIÃO - A reconstrução é feminina


Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 11 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Cristina Junqueira


Com escolas fechadas e sem redes de apoio, as
Mulheres foram as principais vítimas dos efeitos
econômicos da pandemia. Mas elas serão peça-chave
para a retomada


Nos últimos anos, como mulheres, quebramos uma
série de estereótipos e barreiras tidos como
intransponíveis. Ocupamos espaços dominados por
homens, levamos nossos bebês para ambientes de
trabalho feitos exclusivamente para adultos, chegamos
aos mais altos postos da política e dos negócios.


Essas conquistas povoam as notícias dos nossos
tempos e, em certa medida, podem trazer a impressão
de que estamos evoluindo rapidamente em termos de
equidade de gênero. Mas não é bem assim — o fato de
serem notícia já expõe quanto esses eventos são raros
e que ainda precisamos progredir muito nessa jornada.
De 2015 a 2019, avançamos apenas um centésimo no
índice da consultoria McKinsey que mede a equidade


entre homens e mulheres ao redor do mundo.

E a pandemia que estamos vivendo foi um duro revés
nesse longo (e lento) caminho em direção a uma
sociedade mais justa e igualitária. Especialistas
estimam que a crise sanitária atrasou em uma década
os avanços da igualdade de gênero no mercado de
trabalho global. No Brasil, a participação feminina na
economia regrediu para índices comparáveis aos
observados na década de 1990. Com escolas fechadas
e sem redes de apoio, a responsabilidade por filhos e
casa recaiu praticamente toda sobre os ombros delas. E
isso invariavelmente impactou suas carreiras.

Para reconstruir a economia no mundo pós-covid,
precisamos encarar a desigualdade entre gêneros e
priorizar soluções. Um estudo de 2015 mostra que
equiparar homens e mulheres no mercado de trabalho
poderia gerar o equivalente a 12 trilhões de dólares para
o PIB global em uma década. Em um cenário de total
igualdade, o incremento seria de 28 trilhões de dólares
— um aumento de 26% sobre as projeções para o
período.

Vários trabalhos acadêmicos indicam que empresas
com melhor representação feminina em seus times
executivos têm uma vantagem competitiva. Essas
companhias são mais diversas e inovadoras, têm
funcionários mais motivados, uma cultura mais coesa e,
consequentemente, melhores resultados financeiros.
Outros estudos apontam que as mulheres performam
melhor em testes que avaliam atributos de liderança e
são mais efetivas em situações de crise.

São inegáveis os ganhos para empresas e sociedade
quando há mais mulheres em posições de liderança.
Mesmo assim, elas seguem como minoria no alto
escalão. Apesar de serem muito talentosas, bem
preparadas e terem tanta vontade quanto seus pares, a
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