OPINIÃO - Tecnologia ou psicologia?
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Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 11 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Florian Hagenbuch
Como pavimentar o futuro do mercado imobiliário e em
negócios de baixa frequência e alto valor
Desde agosto de 2018 — quando a Loft foi fundada —
até hoje há um grande burburinho entre empresas que
atuam no mercado imobiliário, especialistas e
estudiosos do setor sobre como a tecnologia pode
revolucionar a compra e a venda de imóveis. De lá para
cá, esse burburinho foi ganhando cada vez mais força e
tornou-se algo palpável, que vai muito além do discurso.
Hoje, essa é uma realidade que se impôs e dela não há
como escapar. De fato, a tecnologia impulsionou de
forma exponencial o crescimento de empresas que
apostaram todas as suas fichas nela.
Por coincidência, também em agosto de 2018 o
estrategista de tecnologia imobiliária Mike DelPrete
escreveu um artigo abordando outro viés dessa
questão: quão delicada é a tarefa de manter o equilíbrio
entre os avanços tecnológicos e a psicologia para
alavancar o setor e pavimentar o futuro do mercado
imobiliário. Na visão de DelPrete, avanços tecnológicos
à parte (que aplaudimos de pé!), a psicologia é
fundamental para fechar essa conta e dela não
podemos prescindir. Isso porque, mesmo funcionando
como um agente transformador do mercado, a
tecnologia não pode ser encarada, por si só, como uma
solução mágica, que atua de forma independente do ser
humano. Trocando em miúdos: só a tecnologia não
basta.
Ao observar diversos mercados que atuam com base
em tecnologia, é fácil entender que disruptar mercados
de menor valor e alta frequência é uma tarefa bem mais
simples. Afinal, se o valor do produto/serviço a ser
adquirido é menor, também é menor a sensação do
quanto se pode perder caso aquela transação não dê
certo. Já no mercado imobiliário o que vemos é o
extremo oposto. Afinal, podemos contar nos dedos de
apenas uma mão quantas vezes alguém compra um
novo apartamento e sabemos quanto isso é importante
para a vida de qualquer pessoa.
Para entender melhor esse ponto, vamos voltar duas
casas no jogo da vida. Sabemos que todas as formas
de comércio estão migrando para o mundo online. É um
fenômeno que começou no mercado tradicional, como
de livros, vestuário e eletrônicos, estimulado pela
necessidade dos clientes por mais conveniência,
velocidade, confiança e segurança. Hoje, empresas
pioneiras no varejo online estão entre as maiores e mais
admiradas do mundo, como Amazon, nos Estados
Unidos, e Mercado Livre e Magazine Luiza, na América
Latina.
Após a migração do varejo tradicional, teve início a
migração online dos mercados de serviço. Estão
englobadas aí empresas como Expedia, Airbnb
(viagens); Netflix (entretenimento); Uber, Lyft e 99
(transportes); e Grubhub, DoorDash, Rappi, iFood e