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Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 11 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Uber Eats (food delivery). No caso de empresas que
atuam com tíquete alto, como os mercados de carros e
imóveis, o movimento rumo ao comércio eletrônico
começou há alguns anos em países mais desenvolvidos
e vem ganhando força no Brasil — agora com um
empurrão da pandemia.


O setor imobiliário é o maior mercado de comércio do
mundo — e o maior ainda não totalmente disruptado
pela tecnologia e pela nova forma de servir clientes.
Dados apresentados a investidores no IPO da
Opendoor, empresa americana que atua no mercado de
real estate desde 2014, comparam como o mercado
eletrônico se comporta, em termos de penetração (o
chamado share), entre várias categorias.


Os percentuais descem de 14%, no caso da Amazon, a
1%, no caso da própria Opendoor e da Carvana (de
venda de carros), passando para 4% se for olhada a
Uber. Há muito o que explorar na modernização da
experiência de compra de um imóvel. Nosso board
member Alex Rampell, da Andreessen Horowitz,
chamou isso de bringing the internet to real estate em
uma famosa apresentação sobre o mundo proptech. Se
o e-commerce começou com livros, vestuário e
eletrônicos, migrando, em seguida, para serviços, não
há por que não acreditar que ocorrerá o mesmo com
carros e imóveis.


Para concretizar a disrupção do mercado imobiliário, é
preciso lembrar que essa é uma área que carrega
(inúmeras) dores a ser enfrentadas e derrotadas. E aí
entra o fator psicológico. Uma transação imobiliária, de
ultrabaixa frequência, de ultra-alto valor, traz ao cliente
o desejo de que um especialista acompanhe cada
passo, minimizando a possibilidade de erro — e de
perda.


Tomemos como exemplo os millennials. Eles estão
entrando na vida adulta, constituindo suas famílias e
entrando com tudo no mercado imobiliário. É de suma


importância, nesse sentido, aprimorar as ferramentas
digitais e a linguagem para atrair e engajar cada vez
mais esse público. Neste caso específico, além das
dores inerentes à jornada de compra e venda do
mercado imobiliário, entra nessa equação a conta
aluguel vs. compra. A taxa de juro em seu patamar
historicamente mais baixo facilitou a compra de imóveis
e alavancou os financiamentos imobiliários — que
batem recordes mês a mês.

Trazer a experiência de e-commerce para o mercado
imobiliário é uma tarefa das mais complexas e tende a
ser mais difícil do que em mercados de baixa
frequência. Mas essa transformação já está em curso. A
conclusão de DelPrete, no artigo de 2018 que citamos
bem no início deste texto, é que novos modelos de
sucesso no mercado imobiliário têm em mente uma
questão central: é preciso combinar pessoas e
tecnologia de maneira inteligente. E é necessário
compreender quanto tecnologia (eficiência e
experiência) e psicologia (pessoas) são fundamentais.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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