Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Isto É Dinheiro/Nacional - Entrevistas
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 3 - Reforma Tributária

pensar no legacy, como os americanos falam. E
precisávamos de um legacy dentro da Câmara Brasil-
Israel.


O que já foi feito?
Pensamos três princípios. Descentralização — abrimos
regionais em quatro estados: Amazonas, Mato Grosso,
Pernambuco e Rio Grande do Sul. O segundo foi focar
no universo das startups, em que Israel é referência.
Juntar empreendedores brasileiros para se conectar
com Israel, seja por meio de associação, fusão,
parceria, o que for. O valuation de uma startup de lá é
cinco vezes superior ao de qualquer outra no mundo. O
terceiro princípio é manter e multiplicar as missões.


De que maneira?
A gente faz uma live a cada 15 dias trazendo sempre
um empreendedor de Israel. E não se trata apenas
sobre um produto ou serviço. Pode ser transferência de
tecnologia, de conhecimento. Por exemplo. Quando
surgiu lá a notícia de um especialista que fazia cirurgia
de córnea artificial costuramos esse encontro virtual. Foi
espetacular. Ele nunca havia falado com os
profissionais brasileiros. Pensamos em todos os
setores.


De toda forma, ainda falamos de uma relação pífia,
não? Apenas 0,2% das exportações brasileiras seguem
para Israel e 0,6% das importações brasileiras vêm de
lá.
Especificamente nesse ponto eu vejo as coisas mais
fora da caixa. Hoje temos mais ou menos US$ 1,5
bilhão no trade entre Brasil e Israel. E o Brasil é
deficitário nessa relação. Isso é claro. Mas há um ponto
que penso ser importante trazer. Essa relação trata de
uma forma de medir performance de negócios que não
se adaptou para outra realidade. Há cerca de 300
empresas israelenses no Brasil. Dos mais variados tipos
de negócios, nem todas com sede aqui. Número que há
dez anos era de 120, 140. E o que gostaria de chamar a
atenção é que o tipo de negócio que Israel exporta para
o Brasil hoje é difícil a gente mensurar. Um dia vamos


conseguir, mas é difícil. Nem na Câmara temos esses
dados.

Por quê?
Quando vem um chip do seu smartphone para cá, cuja
tecnologia é de Israel, mas ele vai ser produzido no
Brasil, eu não consigo separar quanto desse chip é
israelense. Quando um Waze, que é israelense, faz IPO
na Nasdaq, para a balança comercial ele já é Estados
Unidos-Brasil. Na Câmara a gente perdeu muito tempo
pensando: “Como aumentar esse número que nunca sai
do lugar?” Descobrimos que só tem um jeito.

Qual?
Vamos esquecer esse número e vamos tratar de fazer
negócios. Vamos fazer “match” entre empresas. É isso
o que temos de fazer. Não interessa se é US$ 100 ou
US$ 200 milhões. Porque se for pela balança isso não
será medido. Na residência de todo mundo tem uma
tecnologia israelense. E ela não entra nesse radar.

É preciso outro tipo de métrica?
Eu comparo com o que acontecia quando a gente ia
fazer avaliação de empresa de tecnologia, para fusão,
aquisição. Elas tinham zero de ativos. E de repente
valiam uma fortuna. E os empresários de outros setores
diziam, “Pô, mas eu tenho minhas plantas industriais,
máquinas, tem de valer muito mais...”. Acabou. É igual.
Esses índices precisam ser adaptados.

Como a Câmara Brasil-Israel enxerga o ritmo e a
qualidade das reformas estruturantes prometidas na
campanha eleitoral?
Eu gosto de negócios. Mas não gosto de política. Eu
nasci assim, cresci assim, passava minhas férias de
infância, com 10 anos, 12 anos, na loja de tecidos do
meu avô. Então, eu gosto é de negócios. Eles me dão
energia. E a Câmara é uma entidade independente. Ela
tem o apoio da Embaixada, do Consulado, mas ela não
é ligada a nada. Não vejo muitos reflexos em relação a
esse tema das reformas com a Câmara, exceto se
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