Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista RI/Rio de Janeiro - Orquestra Societária
quarta-feira, 10 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - CMN

mundo em transformação e o crescimento sustentável -
para compartilhar com vocês nossa interpretação dos
fatos recentes que abalaram o Brasil, os investidores
nacionais e internacionais, as bolsas de valores e o real
(com a desvalorização frente ao dólar), ainda que a
sustentabilidade seja tangenciada neste artigo.


Entendemos ser necessário relembrar a trajetória da
gigante brasileira Petrobras, que assim se define:
“Somos uma empresa movida pelo desafio de prover
energia que assegure a prosperidade de forma ética,
segura e competitiva.” Esta é a mensagem contida na
página institucional https://Petrobras.com.br/pt/quem-
somos/.


Fundada em 1953, a Petrobras, em 10 anos, criou o
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento - CENPES, que
após alguns períodos anuais, se posicionou entre os
mais importantes complexos de pesquisa aplicada do
mundo. E de lá para cá, a Companhia sobressaiu
internacionalmente em seu campo de atuação, com
destaque para a exploração de petróleo em águas
profundas.


Ao longo de sua trajetória, a Petrobras foi responsável
por acontecimentos positivos e negativos, de altos e
baixos impactos, nos cenários nacionais e
internacionais, contemplados tanto pela geração de
riquezas para o Brasil, em termos econômico-
financeiros, sociais, culturais, de inovação e de
visibilidade além das fronteiras do País, quanto por ter-
se envolvido em crimes ambientais e sociais, além de
escândalos de corrupção, o que reverberou
globalmente.


Em 16 anos de existência do Índice de Sustentabilidade
Empresarial – ISE da B3 (2006 a 2021), cujas empresas
listadas são exemplos de responsabilidade social,
ambiental, de governança corporativa e rentabilidade, a
Petrobras participou em 2007 e 2008, retornando
somente em 2021. Após sua rápida participação, nas


segunda e terceira carteiras, sua exclusão do ISE foi
motivada pelo descumprimento à legislação ambiental,
pois a Companhia não reduziu o nível de enxofre
exigido em alguns de seus produtos, o que
desencadeou o pedido ao Conselho do ISE para sua
exclusão. A maior parte desse Conselho apoiou, já que
era inaceitável uma empresa de seu porte não
solucionar o problema de emissão de poluentes, que
causaram a morte de várias pessoas por problemas
respiratórios.

Se por um lado a Petrobras não cumpriu com as
exigências ambientais e sua imagem ficou arranhada
com a sua saída do ISE, além de não ter mantido o rigor
de sua governança corporativa (o que repercutiu em sua
crise de credibilidade), por outro lado, em termos de
atuação operacional, a Companhia é grande destaque.
Em pesquisa recente (jan/2021), realizada pela
universidade americana Duke, em parceria com as
universidades de Estocolmo e da Suécia, Uppsala, ela
ocupa o 2º lugar no ranking global de exploração dos
oceanos, em que as 10 maiores empresas representam
45% do total das receitas relacionadas a esse negócio,
dentre as 100 listadas.

Uma das conclusões da pesquisa acima mencionada é
que esse nível de concentração da economia oceânica
apresenta riscos e oportunidades para garantir
sustentabilidade e equidade no uso global dos oceanos.
Acrescentamos o respeito aos limites de extração dos
recursos não renováveis da biosfera.

Portanto, o que aconteceu em 22/02/21, quando
iniciamos a redação deste artigo, com esta potência
econômica nacional e internacional, impactou
severamente a economia do Brasil, investidores
nacionais e internacionais e bolsas de valores, com a
perda de quase R$ 100 bilhões no valor de mercado da
Petrobras. O preço de suas ações ordinárias (PETR3)
caiu 20,48%, a R$ 21,55 e o das preferenciais (PETR4),
21,51%, a R$ 21,45. A Companhia representa 10,27%
da B3, que fechou com queda de cerca de 4,0%,
Free download pdf