Banco Central do Brasil
Revista RI/Rio de Janeiro - Orquestra Societária
quarta-feira, 10 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - CMN
somente no pregão deste dia. O dólar iniciou o dia
cotado a R$ 5,51 e foi negociado a R$ 5,44. Um
autêntico dia de furacão.
O que desencadeou tal furacão?
A indicação, pelo presidente da República, do general
Joaquim Silva e Luna para a presidência da estatal, em
substituição ao economista Roberto Castello Branco,
gerou a desconfiança de analistas, profissionais de
investimentos e investidores de mercado sobre a
interferência do governo na governança corporativa e a
redução da rentabilidade da Companhia. Tal reação
negativa pode ser resultado do temor dos agentes do
mercado quanto à possibilidade de repetir o mesmo que
aconteceu durante o governo Dilma Rousseff.
O valor de mercado da Petrobras encolheu US$ 200
bilhões desde o início do governo da ex-presidente do
Brasil, levando a Empresa a perder sete posições no
ranking das maiores petroleiras das Américas. Em 31 de
dezembro de 2010, um dia antes da posse de Dilma
Rousseff, a Companhia tinha um valor de mercado de
US$ 228,211 bilhões e em 10 de setembro de 2015, de
US$ 28,032 bilhões — o que representa uma queda de
quase 90%. Esta perda bilionária foi motivada pela
interferência do governo na política de preços da
Companhia, que impediu os reajustes dos combustíveis,
como forma de controlar a inflação e não perder
popularidade.
A recentíssima decisão tomada pelo presidente Jair
Bolsonaro teve sérios desdobramentos. Destaca-se a
reação imediata do mercado e as consequentes perdas
que afetaram todos os brasileiros e demais sócios da
Petrobras. Criou-se a percepção de uma dessinfonia ou
cacofonia corporativa, a antítese da sinfonia corporativa
inerente às orquestras societárias, explicadas muitas
vezes nesta coluna – empresas equilibradas em seus
resultados e riscos, comprometidas com o rigor dos
quatro princípios da governança corporativa
(transparência, equidade, prestação de contas e
responsabilidade corporativa) e a sustentabilidade do
negócio nas dimensões econômica, social e ambiental.
Nesse sentido, é importante lembrar:
- O governo federal é o acionista controlador da
Companhia, com 50% das ações ordinárias (29% do
Capital Social). Lembrando que o acionista controlador
é a face visível dos milhões de brasileiros por ele
representados na estrutura societária. - Muitos investidores não residem no País
(estrangeiros, de acordo com a Resolução nº 2.689
CMN). Eles detêm, aproximadamente,15% das ações
ordinárias e 35% das ações preferenciais (24% do
Capital Social). - A Bolsa de Nova York, a Nyse, acompanhou a queda,
com 20,25% de perda em ADRs (American Depositary
Receipts), que detém 25% das ações ordinárias e 12%
das ações preferenciais (19% do Capital Social). - Constata-se a evasão de investidores internacionais,
pela percepção do aumento dos riscos.
Os detalhes e evolução ao longo dos anos dos itens 1 a
3 podem ser pesquisados, por aqueles que se
interessarem, no site institucional da Petrobras, por
meio do endereço
https://www.investidorpetrobras.com.br/visao-
geral/composicao-acionaria/.
Um quantum adicional de história
A trajetória da Petrobras tem sido impactada pela
história do Brasil e, nessa trajetória, o petróleo tem sido
um tema candente. A célebre frase “o petróleo é nosso”,
atribuída ao ex-presidente da República Getúlio Vargas,
se tornou mote de uma campanha em prol do petróleo,
com forte cunho nacionalista, que teve como um de
seus mais importantes desdobramentos a criação da
Petrobras. A Companhia emerge, portanto, em um