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igreja evangélica. Há também uma pequena praça onde crianças
brincam e alguns adultos estão a conversar.
Mauro avista, nessa praça, um vendedor ambulante ao lado de seu
carrinho de pipoca.
MAURO: O senhor sabe onde é que tem um terreiro de candomblé
por aqui?
AMBULANTE: Siga em frente, sempre pela esquerda. Depois do
cruzamento, você vai ver um mercadinho. Ao lado dele, tem uma
escadaria. Pode descer as escadas e perguntar que qualquer
pessoa te informa.
MAURO: Muito obrigado!
Mauro segue sua caminhada.
Som de atabaques e Música de Zé Pilintra (V.O):
Ô Boa noite, pra quem é de Boa noite!
Ô Bom dia, pra quem é de Bom dia!
A bença, meu papai, a bença!
Seu Zé Pilintra é o rei da boemia.
Mauro desce as escadas segurando o corrimão, firmemente, com a
mão direita. Logo na descida, ele vê, novamente, a imagem do “nego”
Zé Pilintra, bem vestido como de costume.
Seus olhares se entrecruzam.
Desta vez, ele aparece no final da escada, que dá acesso ao terreiro,
com o chapéu caído paro lado direito e um gingado malandro no
corpo. Zé Pilintra, de cabeça baixa, olha para Mauro por baixo do
chapéu e sorri com o canto direito da boca.
Mauro se assusta e “cai” sentado no oitavo degrau da escada. Zé
Pilintra dá uma gargalhada e acende um cigarro, lançando uma longa
fumaça na direção de Mauro. Mauro, ainda sentado, recua de costas,
subindo dois degraus.
Zé Pilintra atravessa a fumaça e sussurra em seu ouvido.
ZÉ PILINTRA: Láaróyè*!