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leva a cachaça pra rede.

Severiana começa a fazer um bolo de limão. Ela bate os ovos, mistura

a farinha, manteiga e o sumo do limão, mas logo Severino chama

Severiana para ir pro quarto.

SEVERINO: Severiana

SEVERIANA: Tô ocupada fazendo bolo.

SEVERINO: Hoje não é dia de bolo. Ninguém quer saber de bolo

nenhum. Bolo é dia de sábado. Passe, Severiana, e você, Ana,

termine com esse bolo podre.

Severiana chora de raiva, vira de uma vez o resto da cachaça do pai e

vai para o quarto de Severino. Ana sai zangada.

CENA 22 ∙ QUARTO DO PAI ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ FIM DE TARDE

Severiana apaga a luz.

SEVERINO: Acenda. Quem mandou apagar? Tire a roupa e venha

pra cá.

Severiana continua imóvel.

SEVERINO: Tira a roupa, infeliz. Tô mandando.

Severiana continua imóvel. Severino rapidamente pula da cama, dá

um tapa na cara de Severiana e puxa a filha com violência. Severiana

continua imóvel, mas as lágrimas rolam pela sua face. Severino tira

a roupa da menina com brutalidade e sobe em cima dela como um

bicho feroz. Severiana continua imóvel. Na sua cabeça, uma espécie

de mantra ecoa.

SEVERIANA (VOICE OVER): Yemanjá vai levar você, monstro.

Yemanjá vai levar você, monstro, Yemanjá vai levar você, monstro

dos infernos. Yemanjá vai levar você, monstro. Yemanjá vai levar

você, monstro. Yemanjá vai levar você, monstro dos infernos.

Yemanjá vai levar você, monstro. Yemanjá vai levar você, monstro,

Yemanjá vai levar você, monstro dos infernos.

A cama está sobre o mangue. Caranguejos, outros frutos do mar,

baratas d’água sobem pelo pé da cama e trepam nos pés e pernas