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CENA 41 ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ MANHÃ
Jão e Helena chegam com uma panela de canja, algumas roupinhas
pra criança, comidas.
JÃO (OFF-SCREAM): Ô de casa?
SEVERIANA: Ô de fora.
HELENA: Licença. Bom dia. Como passou a noite?
SEVERIANA: Bença, minha madrinha.
HELENA: Deus te abençoe. O compadre já foi pescar?
SEVERIANA: Ele saiu anteontem e não voltou ainda.
HELENA: A pesca deve de tá boa. Daqui a pouco ele chega.
Você fica aí descansando. Vou fazer um mingau de Santo Antônio
pra você tomar. Jão vai mariscar no seu lugar.
JÃO: Nem se preocupe que eu vou encher e vender todas as latas.
A madrinha de Severiana faz um mingau de Santo Antônio.
HELENA: Fica quieta na cama dando de mamar e dormindo. Tem
comida, tem fruta e daqui a pouco seu pai chega. Trouxe umas
roupinhas pra Janaína também, que ninguém tava esperando essa
menina pra agora.
A madrinha sai com Jão e Severiana se ajoelha aos pés de Nossa
Senhora.
SEVERIANA: Minha Nossa Senhora das Candeias, tem piedade de
mim. Ajude, Mãe Yemanja.
Mãe Yemanjá, eu chamo a vós.
Mãe dos filhos peixes, eu chamo a vós.
A rainha que tornou a mulher boa pra ter filhos, eu chamo a vós.
A mãe que tornou pobre em rico, eu chamo a vós.
Dentro de vós saiu Olokun, Ogun, Oxóssi.
Eu clamo a vós pra ouvir meu grito.