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Minha mãe me empurra pelo pátio do hospital
depois do café da manhã enquanto eu continuo minha busca por
todos os perfis de Marleys em um raio de trezentos quilômetros
no Facebook. Não importa qual filtro de busca eu use, até agora
não deu em nada.
Tento pensar em novos filtros que eu possa acrescentar à
pesquisa. Eu reviro minhas memórias em busca de menções ao
sobrenome dela, mas não encontro nada.
A escola dela? Eu preparo meus dedos ansiosos sobre o
teclado, mas meu cérebro não tem para onde mandá-los. Um
ano inteiro e eu nunca perguntei a ela sobre isso? Nenhuma vez?
Eu quase posso ouvir o dr. Ronson: “isso faz sentido, Kyle?”.
Babaca.
Quanto mais eu penso, mais faz sentido, na verdade, eu não
saber essas coisas. Eu penso em todas as vezes que Sam me
disse que eu estava focando as coisas em mim. Meu maldito
egoísmo. Nós passamos tanto tempo falando de mim quando
Marley e eu estávamos juntos que deve haver centenas de
coisas que eu esqueci de perguntar a ela.
Isso simplesmente quer dizer que eu não estava prestando
atenção em ninguém além de mim.
Só mais um dia no mundo de Kyle.
Meus olhos embaçam quando eu volto a olhar os perfis
procurando os traços dela, seu sorriso familiar, mas a frustração
me vence aos poucos.