Desligo o iPad com um suspiro. Quer dizer, quem ainda usa o
Facebook além da minha mãe e as amigas dela? Não me
surpreende ela não estar lá. O Sam desativou o dele ano
passado.
Instagram. Eu preciso tentar o Instagram.
Olho em volta, para as árvores frondosas e os arbustos do
jardim que ocupa todo o centro do hospital. Há flores coloridas
por toda parte, emoldurando pequenas plantas e enrolando-se
em volta das raízes das árvores.
Eu congelo quando meus olhos notam um canteiro de lírios
cor-de-rosa, idênticos aos que brotavam no túmulo de Laura. A
brisa quente traz consigo o cheiro doce das madressilvas que
crescem em volta do carvalho e meu estômago revira quando o
rosto do dr. Ronson surge na minha mente.
A cadeira de rodas freia quando nos aproximamos de uma
enorme fonte central. Eu estendo o braço para tocar a pedra de
leve e pequenas brumas de água flutuam na minha direção.
Uma flor cai lentamente no meu colo e eu a pego, encarando-
a. Quando ergo os olhos, eu vejo cerejeiras ladeando a trilha,
ondulando suavemente com o vento. Por um momento, eu me
lembro das pétalas rosa claro idênticas em volta de Marley, seus
olhos fixos nos meus naquele dia no parque.
Eu faria qualquer coisa para voltar para aquele momento. Um
momento que todo mundo e todas as coisas estão tentando me
fazer questionar.
Eu amasso a flor entre os dedos e, então, minha cabeça cai
sobre as minhas mãos. Uma única flor de alguma forma está
trazendo consigo uma pequena onda de dúvida. E isso me
apavora.
— O que foi? — Minha mãe pergunta.
— Você acha que é verdade? — Eu pergunto, jogando a flor
no chão. — Você acha que Marley realmente se foi?
Minha mãe para de empurrar a cadeira de rodas e se ajoelha
a minha frente, seu rosto sério. Como em todas as vezes que eu
mencionei Marley.
— Ela não se foi, querido. Ela nunca esteve aqui.
Ela fala com tanta certeza. Como se não fosse nada.
car0l
(CAR0L)
#1