O público. Sem um público, uma contadora de histórias está
só falando com o ar, mas quando alguém está escutando...
Alguém estava escutando. Eu estava escutando.
Rapidamente, fecho o caderno e o guardo, mas quando o
faço, uma pena cai da parte de trás e flutua lentamente para o
chão.
Uma pena de pato.
Eu a ergo na direção da luz, sorrindo. É ela. E eu a conheço
sim.
E ela me conhece. Pelo menos parte dela conhece, embora a
gente nunca tenha se conhecido de verdade.
Lentamente, eu coloco a pena em cima do caderno e tiro do
meu bolso uma pétala de flor de cerejeira que eu peguei no pátio
mais cedo. Eu a coloco em cima da pena, esperando que ela
veja.
Esperando que, para ela, isso também signifique alguma
coisa.
car0l
(CAR0L)
#1