eu conheço escondendo-se dentro das sombras, lutando para
sair.
Eu amadureci enquanto estava no mundo de sonhos. Mas eu
acho que ela também.
— O pato que quase comeu meu dedo... foi o mesmo que me
perseguiu daquela outra vez, não foi?
Os lábios de Marley se viram nos cantos.
— Ele não desistiu até você dar o resto da pipoca para ele. —
A perna dela encosta de leve na minha quando ela troca de
posição e meu coração acelera. — Aquele pato sempre foi meu
favorito.
— Claro que sim — eu rio, e a cutuco. — Você escreveu
tudo? — Pergunto, apontando para a página na minha frente. —
Tudo que você me contou?
Ela assente, seu dedo tocando lentamente a parte de cima do
caderno.
— Eu tentei. Às vezes eu só começava a falar e a história
fluía para fora. Eu nem tinha tempo de escrever.
— O que você escreveu sobre quando nos conhecemos? —
Eu pergunto, voltando ao início, pensando naquele momento.
Fiquei tão preocupado em procurar por certas memórias, que eu
nem comecei a ler o caderno da primeira página. — Ele parecia
um desastre completo? Lixo sobre duas pernas?
Marley ri e balança a cabeça, a expressão em seus olhos cor
de mel me fazendo derreter.
— Não foi isso não.
Volto minha atenção para o caderno, sorrindo, e as palavras
dela saltam da página.
Ela o viu e ela soube. Ela soube que ele entenderia.
No dia seguinte, navego devagar por mais uma página de
cachorros para adoção, fazendo tudo que posso para focar em
um felpudo malamute do Alasca ou um corpulento buldogue, mas
o braço de Marley apoiado no meu é a única coisa na qual
consigo pensar.