Isso e no fato de que estamos sentados ombro a ombro,
encostados na minha pequena cama de hospital, o rosto dela
literalmente a centímetros do meu. Eu expulso esse pensamento
da minha cabeça.
Estamos indo devagar. Controle-se, Lafferty.
Eu paro de descer a página e aponto para uma yorkshire
cinza.
Marley desencosta da cama e agarra o iPad, os olhos dela se
arregalando enquanto ela passa as fotos.
— Ah, meu Deus. É ela. É a Georgia!
Com certeza é ela. Até as marquinhas nas patas.
— Você gosta dela? — Eu pergunto, olhando a página por
cima do ombro dela.
— Ah. — Ela se reclina para trás, murchando como um balão.
Eu noto uma tarja vermelha no canto da foto. ADOTADA. — Alguém
já a levou.
— Bom — eu digo, dando de ombros. — Talvez ela tenha
achado um bom lar.
Marley revira os olhos, como teria feito antes e... parece que
nunca estivemos separados. De repente, a eletricidade estala
entre nós, exatamente como eu me lembro. Eu consigo sentir
que nós dois nos inclinamos de leve na direção um do outro.
Ela hesita, afastando meu cabelo para trás com insegurança,
tocando de leve minha cicatriz, a ponta dos seus dedos se
demorando suavemente na minha face, minha boca, traçando
meus lábios, o toque dela familiar e novo ao mesmo tempo.
Eu prendo a respiração quando ela se inclina mais e nossos
lábios estão quase se tocando quando a porta se abre.
— Ah, merda, desculpa — Kim diz, da porta.
Marley e eu nos separamos rapidamente.
— Cedo — eu digo, resmungando. — Você chegou cedo.
Eu olho de Kim para Marley, a expressão assustada dela
transformando-se em choque quando ela vê o que Kim traz nos
braços. A yorkshire do site do abrigo está aninhada nos braços
de Kim. No segundo em que a filhote vê Marley, ela começa a
latir como louca.
car0l
(CAR0L)
#1