3
— Kyle.
Imagens flutuam diante de mim.
Um globo espelhado quebrado.
Uma muralha de chuva.
O cabelo loiro de Kim, embaraçado e ensanguentado.
Então a dor. Ela se irradia pela minha cabeça, por todo meu
corpo. Eu agarro os lençóis até que ela recue o suficiente para
que eu reconheça a voz chamando o meu nome, mais clara
agora.
— Kyle?
Mãe.
Eu tento abrir os olhos, focar o rosto dela diante de mim. Eu
vejo o nariz dela, a boca dela, mas sua imagem é clara demais.
Embaçada. Distorcida. Como uma fotografia superexposta.
— Mãe — digo, rouco, minha garganta áspera como lixa.
Ela pega minha mão e aperta.
Estou cansado. Tão cansado.
A médica entra no meu campo de visão. Ela coloca uma luz
brilhante nos meus olhos e me pergunta o que eu consigo sentir
ou não, então pede que eu siga seu dedo com o olhar.
Eu não consigo... Eu não sinto isso. Eu deveria sentir isso?
E é aí que o pânico volta. O cabelo embaraçado e
ensanguentado. A maca. Kimberly.
— O que aconteceu... Kim... Ela está...?