— Talvez eu te veja outra vez — ela diz, cortando a mentira
que eu estava prestes a inventar. Como se ela tivesse percebido,
mas não se importasse. Ela sorri com timidez.
— Talvez — eu digo, embora tenha uma boa certeza de que
ela não vai.
Então saio andando vacilante com minhas muletas.
Ainda estou pensando nos molhos divididos, em sua pequena
constelação de sardas e na grama verde perto do lago quando
passo pela porta da frente de casa quase meia hora depois.
Como se tivesse sido ensaiado, a cabeça da minha mãe surge
da cozinha para me cumprimentar, a porta mal se fechando atrás
de mim. Ela olha minha camisa e calça social.
— Você finalmente foi até o cemitério? — Ela pergunta,
segurando com mais força a espátula que tem na mão. Eu deixei
escapar, quando Sam foi embora, que eu estava pensando em ir,
e ela me pergunta sobre isso todo dia desde então.
— É — eu respondo, ríspido, mas não elaboro. Não foi
exatamente um sucesso.
— Eu estou começando a fazer o jantar. Nós podemos
conversar enquanto isso.
— Eu já comi — digo enquanto sigo na direção do meu
quarto. Eu preferiria quebrar meu fêmur de novo a conversar
sobre este dia.
Eu cambaleio escada abaixo até o porão e paro na frente do
armário para guardar o blazer. Quando abro a porta, meus olhos
param na caixa enfiada no fundo.
A caixa com o que conseguiram tirar do meu carro depois do
acidente.
Eu a puxo e a coloco no chão do meu quarto. Fico sentado
em frente a ela pelo que parecem horas, tentando juntar coragem
para abri-la. Já que não consegui chegar a lugar nenhum no
cemitério hoje, eu poderia pelo menos tentar fazer isso.
Eu me pego encarando um pedaço de tecido branco que está
saindo por um dos cantos. Eu não sei o que é, mas algo nele me