Ilustração de um fungo (Phallus) feita por Frei Vellozo e publicada em 1827. Fonte: Flora
Fluminensis
Illustration of a fungus (Phallus) made by Friar Vellozo and published in 1827. Source: Flora
Fluminensis.
Durante quase meio século, entre ocupação das terras
e transformações políticas no estado do Rio de Janeiro, com
certeza foi provocada a perda lamentável da riqueza histórica,
dos locais de onde eram realizadas as coletas, principalmente
pelas alterações dos nomes dos lugarejos. Naquela época os
registros das coletas e a procedência do material botânico e
micológico eram feitos com nomes de aldeias, caminhos, cór-
regos, encruzilhadas, engenhos, fazendas, ilhas, lagoas, mor-
ros, mosteiros, portos, praias, províncias, ranchos, restingas,
ribeirões, rios, serras, vilas ou com o próprio nome dos pro-
prietários das terras. A maioria desses nomes foi mudada na
medida em que as propriedades foram sendo ampliadas, divi-
didas ou remarcadas em função do desenvolvimento local, até
chegarem aos nomes dos municípios, distritos, comunidades,
bairros, e outras categorias do atual estado do Rio de Janeiro.
Alguns, porém, permanecem os mesmos até hoje.
Entretanto, o registro de muitos destes locais foi bem
documentado na “Flora Brasiliensis” (23) pelos botânicos e na-
turalistas coletores que em 138 anos de exploração descreve-
ram de forma precisa seus itinerários, percorridos entre 1767
e 1905, nas grandes viagens realizadas ao Brasil. Só no Rio
de Janeiro, cerca de 82 viajantes, dentre 10 brasileiros, tra-
balharam intensamente na coleta e remessa de vegetais para
Jardins Botânicos, Museus e Herbários, em sua maioria, da
Europa. Os Jardins Botânicos, além de servirem como um “lo-
cus” da sociedade intelectual da época eram centros de inves-
tigações e de classificação de plantas úteis e exóticas trazidas
do “Novo Mundo” (24). Dessas coletas, produziam-se, além do
interesse da Coroa, material para estudo, conhecimento e for-
mação cultural nas artes naturais, fortemente representadas
pela nossa Flora Fluminensis (25) e pela Flora Brasiliensis (26).
Da mesma forma que as plantas eram catalogadas e
identificadas pelos botânicos coletores, os fungos e as plan-
tas associadas a estes começaram a ser coletados, a prin-
cípio, em meados do século XIX. Os estudiosos coletavam